PORTO SEGURO, 12 de maio — O famoso paraíso turístico de Caraíva, distrito de Porto Seguro e um dos destinos mais procurados da Bahia, passou o último domingo (11), Dia das Mães, sob toque de recolher que afetou todos os restaurantes, pousadas, barracas e comércios da comunidade ribeirinha. Apenas no ano passado, a região recebeu quase 2,5 milhões de visitantes nacionais e internacionais — um aumento de 13% em relação ao ano anterior (dado consolidado da Prefeitura de Porto Seguro).
O toque de recolher, imposto pela facção local Anjos da Morte, conhecida como “ADM”, foi anunciado por seus membros tanto pelas redes sociais quanto pessoalmente, segundo relatos de comerciantes. A medida veio após a morte de um de seus líderes, Ramon Oliveira Cruz, de 33 anos, apelidado de “Alongado”, durante uma operação policial realizada no dia anterior (10).

“Já avisamos para ninguém ficar na rua. A coisa está assustadora, eu estou dentro de casa por questões de segurança” -comerciante local em entrevista ao jornal Correio
Ainda não há estimativa do prejuízo causado ao comércio local, mas moradores e visitantes que estavam na região registraram a cena incomum de todas as barracas da orla do Rio Caraíva completamente fechadas.
Nem mesmo a travessia do Rio Caraíva, principal meio de transporte da comunidade ribeirinha, foi poupada, sendo interrompida por determinação da Associação dos Canoeiros (Ascan), que justificou a medida como forma de garantir a segurança de trabalhadores e passageiros.
Em nível regional, na Bahia, a facção é considerada aliada do Bonde do Maluco (BDM). No cenário nacional, o grupo é rival do Comando Vermelho (CV) e mantém vínculos com o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção paulista que é a maior organização criminosa das Américas em número de membros, alcance territorial e estrutura.
Segundo a polícia local, a facção “ADM” controla grande parte das áreas turísticas de Porto Seguro — incluindo Caraíva, Santa Cruz Cabrália, Arraial d’Ajuda, Pindorama, Trancoso e regiões indígenas vizinhas — atuando no tráfico de drogas, na execução de homicídios e na invasão de terras indígenas.
(Matéria em atualização)