TÓQUIO, 6 de junho — De acordo com dados oficiais do governo japonês, que há anos tenta conter a queda acentuada da natalidade com incentivos para evitar um colapso social e econômico, o Japão registrou em 2024 apenas 686.061 nascimentos — a primeira vez que o número anual fica abaixo de 700 mil desde o início dos registros históricos, há mais de um século.
O dado que alarmou o governo japonês representa uma queda de 5,7% em relação a 2023 e marca o 16° ano consecutivo de declínio no número de nascimentos (desconsiderando variações pontuais de alta, a tendência de queda teve início em 1973, logo após o último boom de nascimentos).
Comparado ao número de mortes registrado em 2024 — 1.605.298 —, o Japão teve uma perda populacional total de 919.237 pessoas no ano (perdeu 104 habitantes por hora), marcando o 18º ano consecutivo de declínio demográfico.
Mantido o ritmo atual de queda da taxa de fecundidade no Japão — que foi de 1,15 filho por mulher em 2024 —, a população japonesa deve recuar das atuais 124,5 milhões de pessoas para apenas 87 milhões em 2070, com mais de 40% dos habitantes acima de 65 anos.
Vale destacar que a taxa de fecundidade adequada para a reposição de população é de 2,1 filhos por mulher.
Segundo dados oficiais, a taxa de fecundidade das mulheres da capital Tóquio ficou abaixo de um filho por mulher pelo segundo ano consecutivo, registrando 0,96 filho por mulher.
A idade média das mulheres ao terem o primeiro filho também aumentou, atingindo 31,0 anos, quase cinco a mais que os 25,7 anos registrados em 1975.
Adiantando a mudança populacional, grandes empresas no Japão estão mudando seus mercados para produzir mais fraldas geriátricas do que fraldas infantis.
O baixo número de nascimentos também é evidente nos vizinhos China e Coreia do Sul que, apesar de apresentarem uma variação positiva em 2024, continuam registrando queda populacional, com muito mais mortes do que nascimentos e taxas de fecundidade de apenas 1,2 e 0,75 filho por mulher, respectivamente.
A projeção mais recente indica que, no ritmo atual, a taxa de fecundidade da mulher brasileira cairá para 1,44 antes de subir ligeiramente e alcançar 1,5 em 2070.
Os países com as maiores taxas de fecundidade são Niger, com 6,6 filhos por mulher; Chad, República Democrática do Congo e Somália, cada um com 6,0 filhos por mulher; República Centro-Africana e Mali, com 5,7 filhos por mulher; Angola e Nigéria, com 5,0 filhos por mulher; Burundi, com 4,8 filhos por mulher; e Benin, com 4,7 filhos por mulher.
Além do Japão, os países com as menores taxas de fecundidade do mundo atualmente incluem Ucrânia, com 1,44 filho por mulher; Rússia, com 1,41; Espanha, com 1,40; Áustria, com 1,31; China, com 1,2; Itália, com 1,18; Taiwan, com 1,11; Singapura, com 0,97; Porto Rico, com 0,92; e Hong Kong e Coreia do Sul, com 0,75 filho por mulher (números atualizados com os últimos balanços).
(Matéria em atualização)