PARIS, 9 de abril — A mídia europeia publicou neste domingo comentários do presidente francês Emmanuel Macron sobre a Europa não ter interesse em uma “aceleração da crise em Taiwan” (que a China considera como parte de seu território) e que continente deveria seguir uma estratégia independente dos EUA e China; o presidente francês acabou de retornar de uma visita de três dias à China, onde foi recebido pelo próprio líder chinês Xi Jinping (encontro amplamente divulgado pela mídia estatal do regime chinês).
Os comentários foram registrados dentro do avião presidencial francês (A330) em uma conversa do presidente com jornalistas; de acordo com os presentes, os comentários foram revisados pela equipe presidencial, que pediu a remoção de alguns trechos documentados das conversas.
Entre os trechos que teriam sido removidos, segundo presentes, estavam duras críticas aos Estados Unidos e até ao dólar americano.
“O paradoxo seria que, tomados pelo pânico, acreditamos ser apenas seguidores dos Estados Unidos […] A pergunta que se faz a nós, europeus, é a seguinte: é do nosso interesse que haja uma aceleração no tema de Taiwan? Não. O pior que nós, europeus, poderíamos fazer seria ser seguidores desse tema e nos adaptar ao ritmo americano e ao exagero chinês. Por que devemos seguir um ritmo escolhido por outro país? […] Há muito tempo que a Europa não construía essa autonomia estratégica, mas agora a batalha ideológica está ganha […] cinco anos atrás, a autonomia estratégica era um sonho impossível. Agora todo mundo está falando sobre isso […] Como europeus, nossa preocupação é nossa união […] Os chineses também estão preocupados com sua união, e Taiwan é um componente dessa união no ponto de vista deles […] Os europeus não podem resolver a crise na Ucrânia, como podemos dizer com credibilidade sobre Taiwan: ‘cuidado, se você fizer algo errado, estaremos lá’? Se você realmente deseja aumentar as tensões, essa é a maneira de fazê-lo” –Emmanuel Macron
De acordo com o que foi divulgado pelo governo francês, a visita do presidente Macron teria relação com a discussão sobre a situação na Ucrânia; Macron acredita que a China deveria participar nas conversas para o ‘encerramento da guerra’.
Apesar da China ter publicado um documento intitulado de “plano de paz”, onde o país descreve sua linha de pensamento sobre o que deve ser feito para o fim da guerra, incluindo o respeito ao direito internacional, aos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas, a soberania, independência e integridade territorial de todos os países, a China já deixou claro aos seus parceiros, incluindo ao Brasil (que replicou esse pensamento através do atual presidente), que o plano na verdade passa pela entrega de territórios ucranianos à Rússia (retorno à situação anterior à invasão de 2022, justamente igual ao plano que não funcionou em 2014).
A Ucrânia disse oficialmente que rejeita esse plano (divulgado pelo governo brasileiro através do presidente Lula).
Em 13 de maio do ano passado, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, em entrevista à TV italiana Rai 1, confirmou que o presidente francês Emmanuel Macron já havia proposto que ele fizesse concessões à soberania da Ucrânia (território) para apresentar uma “opção a Vladimir Putin”.
Exercícios ao redor de Taiwan: A China iniciou nesta manhã exercícios ao redor de Taiwan como resposta à visita da presidente taiwanesa Tsai Ing-wen aos Estados Unidos.
(em atualização)
