
BRASÍLIA, 28 de fevereiro — O governo Lula anunciou há pouco, em uma nota curta que cita uma reunião fora da agenda oficial, que a presidente do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann assumirá de fato um Ministério no próximo dia 10 de março.
Gleisi, que busca um terceiro mandato na presidência do PT por meio de uma manobra vista como “golpe” pela ala opositora e é considerada a figura mais radical do partido, comandará a pasta das Relações Institucionais, encarregada informalmente da articulação política com o Senado. Seu nome está frequentemente envolvido em polêmicas, como quando chamou o regime chinês de “democracia efetiva”, defendeu o fim da Justiça Eleitoral, por ter aparecido nas listas de codinomes da Odebrecht (aparece como “Coxa” e “Amante”), ou pelas diversas vezes em que manifestou apoio ao ditador venezuelano e seu amigo pessoal, Nicolás Maduro.
Interlocutores das lideranças do Senado estranharam a decisão, já que Gleisi nunca atuou na articulação política e sempre concentrou seu trabalho dentro do próprio partido, brigando e fazendo críticas até contra a base aliada.
O anúncio de Gleisi surpreendeu boa parte do próprio PT, que desde que seu nome passou a ser cogitado, vinha trabalhando para que Lula desistisse da ideia.
A companheira e deputada federal @gleisi vai integrar o governo federal. Vem para somar na Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, na interlocução do Executivo com o Legislativo e demais entes federados. O @padilhando assumirá o Ministério da Saúde.… pic.twitter.com/oD1Fw7ZVCQ
— Lula (@LulaOficial) February 28, 2025
Junto com o ministro da Casa Civil Rui Costa, a deputada integra uma ala minoritária do PT que mantém uma rivalidade ferrenha com o grupo do ministro Haddad.
Aliados de Haddad afirmam que o ministro está agora “sitiado”.
Gleisi substituirá Alexandre Padilha, recentemente indicado por Lula para o Ministério da Saúde no lugar da ex-ministra Nísia Trindade.
Como Gleisi foi a responsável pela decisão do PT de apoiar o atual presidente da Câmara, Hugo Motta, para a presidência da Casa, Motta, que pretende indicar o líder do MDB Isnaldo Bulhões (AL) ou Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) para um ministério, pediu a seus aliados que não critiquem a escolha de Gleisi como ministra.
Bulhões, aliado próximo do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e rival político de Lira, pelo menos por enquanto, assumirá a liderança do governo na Câmara. Embora ainda não tenha uma relação estreita com Lula, Bulhões é o nome mais cotado para assumir o Ministério do Desenvolvimento Social.

Entre os nomes que devem ser acomodados no governo na nova reforma ministerial estão o deputado Arthur Lira, cotado para o Ministério da Agricultura com o respaldo de Hugo Motta; o senador Rodrigo Pacheco, possível futuro ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, atualmente comandado por Geraldo Alckmin; e a deputada Tabata Amaral (PSB-SP), que deverá ser convidada para o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI).
O PSD de Gilberto Kassab, que já comanda os ministérios de Minas e Energia (Alexandre Silveira), Agricultura (Carlos Fávaro) e Pesca (André de Paula), também deverá ampliar sua participação no governo.
A sigla tem interesse em pastas de maior relevância, como os ministérios dos Transportes (Renan Filho) e das Cidades (Jader Barbalho Filho), ambos sob o comando do MDB, além da Integração e do Desenvolvimento Regional (Waldez Góes), atualmente nas mãos do PDT.
Também é esperado que o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social (SECOM), Paulo Pimenta, substitua Paulo Teixeira no comando do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
(Matéria em atualização)