TBILISI, 7 de março — Milhares de manifestantes contrários a um projeto lei que foi aprovado, em primeiro turno, no Parlamento da Geórgia estão neste momento em um pesado conflito com as forças policiais locais em frente ao frente ao Parlamento do país; a lei, que foi apelidada de “Lei Russa” e comparada aos decretos de controle de empresas assinados por Vladimir Putin em 2012, diz que empresas com mais de 20% de de financiamento externo – e pessoas físicas com investimentos e rendas que partem do exterior, seguindo a mesma limitação percentual – deverão ser registradas como “agentes estrangeiros”, estando sujeitas à monitorização constante por autoridades da Geórgia (mais liberdade ao governo para monitorá-las de forma oficial).
Os parlamentares apoiaram o projeto de lei por 76 votos a 13; a votação estava marcada apenas para o dia 9 de março, mas foi antecipada por motivos políticos.
Os manifestantes contrários à lei, que está sendo discutida desde o dia 2 de março, dizem que essa aprovação comprometerá a proposta de entrada na União Europeia e será “usada para reprimir a sociedade civil e a mídia independente como na Rússia”; um dos slogans que estão sendo mais utilizados pelos manifestantes é “Putin khuylo!”, que basicamente ridiculariza Vladimir Putin o comparando com o órgão sexual masculino.
A lei ainda precisa passar por outras etapas para entrar em vigor, entre elas, outros dois turnos no Parlamento e a aprovação da presidente, que já disse que utilizará seu poder de veto (que assim como no Brasil, pode ser anulado pelo próprio Parlamento).
A influência russa é uma questão delicada na Geórgia, que foi invadida pela Rússia em 2008, nos mesmos moldes da invasão na Ucrânia; na época, a Rússia chegou a reconhecer a “independência” de duas regiões, que hoje abrigam bases militares e milhares de soldados russos (Ossétia do Sul e República de Abkházia).
O governo separatista de Ossétia do Sul, na Geórgia, chegou a anunciar um “referendo” para a região virar oficialmente um estado russo, porém voltou atrás após as repercussões que a guerra na Ucrânia estava causando no mundo (referendo que chegou a ser noticiado em estatais de mídia da Rússia).
Até hoje, Ossétia do Sul só teve sua “independência” reconhecida por Rússia, Venezuela, Síria, Nicarágua e Nauru*
(em atualização)