Netanyahu suspende plano de reforma judicial que estava causando protestos no país há 12 semanas

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu | Imagem por Valeriano Di Domenico/World Economic Forum

JERUSALÉM, 27 de março — O premiê israelense Benjamin Netanyahu anunciou agora, durante uma fala no Knesset (Parlamento local), que está suspendendo o seu projeto de governo para cortar poderes do Judiciário de Israel através da chamada “reforma judicial”; político estava enfrentando problemas políticos e inúmeros protestos (há 12 semanas, quase que diariamente) após seu governo começar a discutir uma reforma na lei local para remover poderes do Sistema Judiciário israelense sob a justificativa de arrumar o balanço de poderes.

A decisão foi tomada após reuniões com a sua base política (reuniões que duraram a noite inteira).

“Com a vontade de evitar a divisão na nação, decidi adiar a segunda e a terceira leitura para chegar a um amplo consenso […] as pessoas não serão privadas de sua livre escolha, mas uma tentativa será feita para alcançar um amplo consenso”primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu

Nesta última noite, o primeiro-ministro demitiu seu ministro da Defesa, Yoav Gallant (do mesmo partido de Netanyahu), que anteontem se posicionou publicamente contra a reforma judicial local (várias lideranças militares se posicionaram contrários à reforma).

No dia da fala do ex-ministro da Defesa, Israel registrou cerca de 630 mil pessoas se manifestando pelas ruas do país*

Manifestação reportada na noite de ontem, no centro de Tel Aviv, após a demissão do ministro da Defesa israelense

Um dos que pediram publicamente nesta noite para que o primeiro-ministro abandonasse o projeto, foi o presidente de Israel, Isaac Herzog.

Inúmeras universidades e empresas locais anunciaram que estavam planejando uma grande suspensão de atividades como resposta ao primeiro-ministro Netanyahu.

Nesta manhã (no horário local), a Associação médica de Israel anunciou publicamente uma “greve total no sistema de saúde” do país.

“Vimos cenas muito difíceis esta noite. Dirijo-me ao Primeiro-ministro, aos membros do Governo e às empresas e membros da coligação: os sentimentos são difíceis e dolorosos. Uma profunda preocupação envolve toda a nação. Segurança, economia, sociedade – todos estão ameaçados. Os olhos de todo o povo de Israel estão voltados para vocês. Os olhos de todo o povo judeu estão em vocês. Os olhos do mundo inteiro estão em vocês. Pelo bem da união do povo de Israel, pelo bem da responsabilidade, peço que interrompam o processo legislativo imediatamente. Apelo aos chefes de todas os partidos do Knesset (Parlamento de Israel), coalizão e oposição, para colocar os cidadãos do país acima de tudo e agir com responsabilidade e coragem sem demora. Venham para os seus sentidos agora! Este não é um momento político, é um momento de liderança e responsabilidade.” –Isaac Herzog, presidente de Israel

Sobre a reforma: De acordo com a nova regra, o Parlamento poderia derrubar qualquer decisão da Suprema Corte com uma votação de maioria simples, e as decisões do Parlamento não poderiam ser revistas pela Corte. O processo de escolha do primeiro-ministro também seria alterado (votação agendada para a próxima semana).

Pela lei atual, o ministro da Suprema Corte é escolhido por um “Comitê de Seleção Judicial”, que é formado por nove membros, sendo quatro associados ao Legislativo e ao Executivo.

A reforma pretendia ampliar as indicações para dar ao governo uma maioria permanente no Comitê, transformando a escolha em política.

Em Israel, os juízes da Suprema Corte só ficam no cargo até os 70 anos, então são constantes as mudanças na composição da Casa máxima do Judiciário local*

Outro ponto que causou polêmica localmente foi uma alteração no processo de remoção de um primeiro-ministro do país, que de acordo com a nova legislação, não seria mais uma atribuição do Procurador-Geral e da Justiça, mas, sim, exclusiva do Parlamento, que é composto por apenas uma Casa legislativa.

A nova lei também diz que os chefes do Parlamento e do Executivo só poderiam ser declarados inaptos em caso de incapacidade física ou mental.

Com as novas regras, Benjamin Netanyahu não poderia mais ser removido do cargo em decorrência de um processo por corrupção, como o processo em que ele está sendo julgado.

Ainda não se sabe como serão os próximos passos políticos de Netanyahu após essa derrota e como será resolvida a crise local.

Por ora, as manifestações, a favor e contra o primeiro-ministro, estão sendo canceladas localmente*


(em atualização)

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