Após 202 dias, 18 países, incluindo o Brasil, assinam declaração pedindo a soltura imediata dos reféns israelenses que estão em Gaza

Reféns israelenses que ainda estão em Gaza | Imagem por REPRODUÇÃO/@bringhomenow

BRASÍLIA, 25 de abril — O governo americano divulgou há pouco uma carta, que foi assinada por mais 17 países, entre eles Brasil, que pede a soltura imediata dos 133 reféns israelenses que foram sequestrados pelo grupo terrorista Hamas e que ainda estão sendo mantidos em Gaza há 202 dias; Os ministérios das Relações Exteriores dos países signatários estão gradualmente republicando o documento.

Assinaram a declaração os países: Estados Unidos, Argentina, Áustria, Brasil, Bulgária, Canadá, Colômbia, Dinamarca, França, Alemanha, Hungria, Polônia, Portugal, Romênia, Sérvia, Espanha, Tailândia e Reino Unido.

Poster da campanha @bringhomenow pela soltura dos reféns que estão em Gaza

Todos os países que assinaram a carta, que demorou duas semanas para ficar pronta (por conta da dificuldade em fazer alguns países assinarem um texto comum), possuem ao menos um cidadão refém em Gaza.

Documento divulgado pela Casa Branca

DIVULGAÇÃO IMEDIATA: Declaração Conjunta dos Líderes dos Estados Unidos, Argentina, Áustria, Brasil, Bulgária, Alemanha, Hungria, Polônia, Portugal, Romênia, Sérvia, Espanha, Tailândia e Reino Unido Pedindo a Liberação dos Reféns Mantidos em Gaza. Pedimos a liberação imediata de todos os reféns mantidos pelo Hamas em Gaza por mais de 200 dias. Eles incluem nossos próprios cidadãos. O destino dos reféns e da população civil em Gaza, que estão protegidos pelo direito internacional, é de preocupação internacional. Enfatizamos que o acordo em questão para a libertação dos reféns traria um cessar-fogo imediato e prolongado em Gaza, que facilitaria um aumento da assistência humanitária necessária a ser entregue por toda Gaza e levaria ao fim credível das hostilidades. Os habitantes de Gaza poderiam retornar às suas casas e suas terras com preparativos antecipados para garantir abrigo e provisões humanitárias. Apoiamos firmemente os esforços contínuos de mediação para trazer nosso povo para casa. Reiteramos nosso apelo ao Hamas para liberar os reféns e nos permitir encerrar esta crise para que, coletivamente, possamos concentrar nossos esforços em trazer paz e estabilidade para a região.”

A carta, apesar de tem um peso de apoio internacional, não deve alterar qualquer cenário em Gaza.

Últimas negociações: No último dia 25 de março, com a abstenção americana, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução que exigia um cessar-fogo em Gaza durante o mês do Ramadã (período sagrado terminou no dia 19 de abril) e a libertação imediata e incondicional dos reféns israelenses que estao em poder do Hamas.

Apesar do grupo terrorista divulgar uma nota elogiando a resolução do Conselho de Segurança que pedia um cessar-fogo imediato em Gaza, o Hamas REJEITOU formalmente, no mesmo dia da votação na ONU, o acordo de cessar-fogo que estava sendo mediado por Qatar e Egito e que tinha apoio de oficiais israelenses.

O acordo envolvia a troca de 40 reféns israelenses por 700 prisioneiros palestinos, entre eles 100 terroristas que cumprem prisões perpétuas por crimes de terrorismo que terminaram em mortes, além de 6 semanas de cessar-fogo na região.

No último dia 27/03, dois dias após a resolução do Conselho de Segurança da ONU pedir um cessar fogo imediato na região, o importante oficial do Hamas Khaled Mashaal, ex-líder do escritório político do grupo terrorista e atual representante do Hamas no Qatar (responsável pelas atuais negociações com Israel), disse em um evento na Jordânia, depois de abertamente pedir por doações financeiras ao grupo, que o Hamas não libertará mais reféns israelenses até que as Forças de Defesa de Israel deixem o território de Gaza (fim da guerra e o retorno ao mesmo cenário de antes do 7 de outubro) e metade de Jerusalém, incluindo toda a Cidade Velha e os locais sagrados judaicos, cristãos e muçulmanos.

A mesma mensagem foi replicada por vários outros oficiais nesta semana na Turquia, em uma viagem que levou uma grande comitiva do Hamas ao país.


O BRASILEIRO: Entre os 133 reféns israelenses (cerca de 40 anunciados como mortos) que estão sendo mantidos em Gaza, está o brasileiro-israelense Michel Nisenbaum, de Niterói (RJ).

Pôster oficial sobre o sequestro do brasileiro Michel Nisenbaum

Michel tem 59 anos, trabalha como técnico de informática em Israel, é pai de duas filhas e avô de seis netos, e precisa de cuidados médicos para tratar a diabetes e a doença de Crohn.

O brasileiro foi visto pela última vez quando estava indo buscar uma neta em uma base próxima de Gaza. Seu veículo foi encontrado queimado e uma das chamadas telefônicas da família foi atendida por pessoas que gritavam “viva o Hamas”.

No último dia 30 de novembro, Michel, que até o momento não apareceu em listas de negociações, foi citado pelo presidente Lula durante a visita do mandatário brasileiro ao Qatar. De acordo com Lula, no primeiro posicionamento vindo de um oficial brasileiro sobre o estado do refém, Michel poderia “ser liberado por esses dias”.

“O nosso coração está pingando sangue e eu não tenho palavras para poder explicar o que está passando com toda a nossa família. A nossa mãe chora o tempo todo e de uma família completa, passamos a ser uma família com menos um. Não podemos voltar a vida que tínhamos antes e até agora estamos vivendo dentro de um pesadelo. Eu gostaria de acordar bem e feliz desse mesmo pesadelo” -Mary Shohat, irmã de Micheldurante discurso no Senado brasileiro (11/12/2023)

Foto antiga de Michel e suas filhas (arquivo da família)

Há cerca de três meses, Michel ganhou mais um neto (o sexto), que foi batizado de Oz (coragem em hebraico).

Outros quatro brasileiros foram mortos no 7 de outubro pelo grupo terrorista Hamas. São eles: Karla Stelzer Mendes (42), Bruna Valeanu (24), Ranani Nidejelski Glazer (24) e Celeste Fishbein (18).

O filho israelense do brasileiro Jairo Varella Filho, Gavriel Yishay Barel, de 22 anos, também foi morto no ataque*


Apoio inesperado francês: Parlamentares franceses criam no fim do ano passado a operação “um refém, um parlamentar” para “apadrinhar” reféns israelenses que estão detidos em Gaza pelo grupo terrorista Hamas e “defender suas causas até que eles voltem para casa”.

O brasileiro Michel Nisenbaum foi apadrinhado pelo deputado de centro Robin Reda, do partido do presidente Macron (não pertence ao mesmo grupo político por ter divergências na questão da reforma da previdência, na lei de segurança global e na gestão da pandemia*).


(Matéria em atualização)

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