ISTANBUL, 8 de julho — O governo turco confirmou hoje que entre os memorandos e acordos que foram assinados ontem (7) pela Turquia e pela Ucrânia, durante visita oficial do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky ao país, estão protocolos de cooperação “em setores estratégicos, com foco em veículos aéreos não tripulados (drones), sistemas autônomos, e pesquisa produção, manutenção e desenvolvimento de motores”; os acordos foram assinados na Mansão Vahdettin, em Istanbul, e dizem respeito à construção de uma fábrica de drones militares turcos da empresa Baykar, dos irmãos Bayraktar (um deles é casado com a filha do presidente turco Sümeyye Erdogan), na Ucrânia.
De acordo com os embaixadores dos dois países, o projeto de construção e as questões legais já estariam prontas desde janeiro.
Os protocolos foram assinados pelo ministro da Indústria e Tecnologia da Turquia, Mehmet Fatih Kacir, e pelo Ministro das Indústrias Estratégicas da Ucrânia, Alexander Kamyshin e os detalhes ainda não foram tornados públicos.
O próprio CEO da empresa foi pessoalmente receber o presidente ucraniano durante a sua chegada à Turquia.
No mesmo encontro, o presidente turco disse publicamente que a Ucrânia merecia ser um membro da OTAN.
“Não existem dúvidas de que a Ucrânia merece aderir à OTAN. Queria enfatizar mais uma vez um ponto que sempre defendi: não existe um perdedor numa paz justa. Apesar das diferenças entre ambas as partes, é o nosso desejo mais sincero regressar à busca pela paz o mais cedo possível […] Temos sido o país que mais esforços tem feito para acabar a guerra por negociações baseadas na lei internacional […] Apesar do que aconteceu, a amizade entre a Turquia e a Ucrânia cresceu mais forte em todos os aspectos. Na guerra, que já tem 500 dias, o povo ucraniano está defendendo a sua integridade territorial e a independência do seu país” -Presidente turco Recep Erdogan
Hoje, dos 31 países que fazem parte do grupo (Suécia será aprovada em breve, então serão 32), 23 países já ratificaram formalmente a aprovação da Ucrânia na OTAN (Portugal foi o último país a ratificar oficialmente o pedido que foi feito no fim de setembro de 2022).
A empresa turca Baykar produz drones militares para ao menos 28 países, incluindo países africanos e membros da OTAN.
O principal produto sendo produzido pela empresa atualmente, o caça autônomo (não tripulado) “Bayraktar Kizilelma”, utiliza, em suas duas versões, motores fabricados na Ucrânia (AI-25 e AI-322).
A comitiva ucraniana chegou na Turquia depois de fazer uma visita surpresa à República Tcheca, utilizando o avião oficial do governo tcheco, e partiu utilizando a mesma aeronave, levando os comandantes militares ucranianos que estavam sob a guarda do governo turco desde que foram capturados pela Rússia en Mariupol e foram negociados em uma troca de prisioneiros de guerra.
Em teoria, a Turquia havia concordado em ficar com eles até o fim da guerra, mas algum outro acordo de troca de prisioneiros deve ter sido realizado*
O governo russo ainda não comentou oficialmente sobre o assunto ou sobre as declarações do presidente turco.
Registros da utilização de drones turcos Bayraktar TB2 durante essa guerra:
ATUALIZAÇÕES:
- 15h23. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que a Rússia não foi informada sobre a repatriação dos soldados e que o acordo teria sido quebrado; “Ninguém informou a Rússia sobre a transferência dos líderes do grupo terrorista Azov da Turquia para a Ucrânia […] e a própria Turquia, é claro, assim, como membro da OTAN, mostra sua solidariedade com a aliança. Todos nós entendemos isso perfeitamente […] O retorno dos líderes do Azov da Turquia para a Ucrânia nada mais é do que uma violação direta dos termos dos acordos existentes. E, neste caso, os lados ucraniano e turco violaram as condições.” -Peskov
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(Em atualização)
