Inflação na Argentina acumula alta de 115,6% em 12 meses; índice local avançou 6% no último mês, abaixo do esperado, e deverá superar 140% este ano

Presidente e primeira-dama da Argentina, Alberto Fernández e Fabiola Yáñez, durante a quinta visita de Estado ao Brasil este ano | Imagem por Ricardo Stuckert/PR

BUENOS AIRES, 14 de julho — De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos da Argentina, a inflação anual da Argentina atingiu em junho 115,6% no acumulado de 12 meses; impulsionado principalmente pelos aumentos nos setores de comunicação (10,5% – telefonia e internet), saúde (8,6% – medicamentos e planos de saúde), custos de habitação (8,1%), e tarifas de serviços públicos (7,2%), o índice local avançou 6% neste último mês, abaixo do esperado (6,95%~7,3%).

O setor que registrou a menor aumento foi o de alimentos e bebidas, que subiu 4,2% no último mês (116,9% em 12 meses).

Como meio de tentar conter o avanço da inflação na Argentina, o governo adota desde maio uma taxa de juros de 97%.

O índice acumulado de inflação no país ultrapassou os 100% em fevereiro deste ano (102,5%). A última vez que isso aconteceu foi em agosto de 1991.

Essa foi a última divulgação de dados pelo governo antes da realização das eleições primárias obrigatórias (“PASO”/Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias) que definirão os candidatos de cada coligação que disputarão a eleição presidencial argentina no dia 22 de outubro. As primárias acontecerão no dia 13 de agosto.

As eleições presidenciais argentinas não contarão com a participação do atual presidente Alberto Fernández, com a ex-presidente e atual vice-presidente argentina Cristina Kirchner, e nem com o ex-presidente Mauricio Macri.

Sergio Massa, o atual ministro da Economia da Argentina, já foi escolhido antes mesmo das primárias para representar o grupo governista. Massa é visto por linhas divergentes como uma continuação do governo atual (um representante do Peronismo e talvez subordinado indireto de Kirchner), ou como um novo alinhamento que indicaria uma perda de força política da própria Cristina Kirchner e um encaminhamento do Peronismo ao ‘centrão’ local.

Os outros candidatos relevantes que disputarão as primárias são a ex-ministra da Segurança Nacional do governo Macri, Patricia Bullrich, o candidato da direita local, Javier Milei, e o prefeito de Buenos Aires, Horacio Larreta (que é uma candidatura nula, já que ele pertence ao mesmo grupo de Patricia Burrich e provavelmente será derrotado nas primárias).

De acordo com as últimas pesquisas locais, mesmo com os números econômicos, o candidato governista e atual ministro da Economia aparece à frente quantos aos números individuais, e em segundo colocado quanto aos números por coligação (atrás da coligação “Juntos por el Cambio”, de centro direita, e à frente da coligação de direita “La Libertad Avanza”).

A Argentina, que vive uma das mais duras crises econômicas de sua história, com uma inflação que deve superar os 140% neste ano, além de estar passando por uma seca histórica, está contando com uma linha de crédito “abrangente” brasileira e com acordos com a China para tentar estabilizar sua situação.

A linha de crédito brasileira, nos planos atuais, financiará até a compra de 161 blindados brasileiros (Guarani 6×6) para o país vizinho. O assunto foi tratado na última visita do presidente argentino ao Brasil, a quinta desde o início do novo governo.

No dia 30 do mês passado, o país pagou US$ 2,7 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI), dos US$ 44 bilhões que ainda deve ao Fundo (parcela que originalmente deveria ter sido paga no dia 22 de junho).

Como as reservas do Banco Central argentino estão no negativo, o pagamento foi feito sem a utilização da moeda americana, e sim com SDR (moeda do Fundo/US$1,7 bilhão) e com yuans chineses (US$ 1 bilhão) que a Argentina tem acesso por meio do acordo de swap com o país. O valor em yuan que será posteriormente devolvido ao Banco Central chinês quando o FMI liberar o próximo desembolso do atual programa de crédito de US$ 44 bilhões*

Com o fracasso desta semana em negociar essa cifra e melhores condições com o FMI, o valor do “dólar blue” (cotação paralela que é encontrada nos mercados locais) chegou ontem a 512 pesos (ultrapassou os 500 pesos pela primeira vez na história na última quarta-feira).


(Em atualização)

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