Dados indicam que a cocaína deverá superar o petróleo e passará a ser o principal produto de exportação da Colômbia ainda neste ano

Cocaína apreendida pela polícia colombiana | Imagem por Policía Nacional de Colombia

BOGOTÁ, 14 de setembro — De acordo com estimativas da Bloomberg Economics baseadas em dados públicos, a Colômbia está no limiar de uma transformação significativa em seu cenário de exportações, com a cocaína prestes a superar o petróleo como o principal produto de exportação do país; a mudança seria resultado da expansão da produção da droga no país, uma política de Estado mais flexível com relação às drogas, apesar das muitas destruições de laboratórios de produção de cocaína, e a queda de cerca de 30% nas exportações de petróleo.

De acordo com o jornal econômico, a mudança na principal fonte de exportação do país poderá acontecer ainda neste ano.

As receitas com a exportação de cocaína no país teriam sido de US$ 18,2 bilhões em 2022, contra US$ 19,1 bilhões das exportações de petróleo.

Um outro ponto que chama a atenção no país é o aumento anual e progressivo do roubo de petróleo das tubulações da estatal colombiana para abastecer os grupos criminosos locais.

Calcula-se que a conversão de 600 quilos de folha de coca em um quilo de cocaína demande até 75 galões de gasolina.

Dados da Polícia Nacional da Colômbia apontam que em 2022 o país registrou oficialmente o roubo de 3.447 barris de petróleo por dia (mais que o dobro registrado em 2019).

Boa parte do petróleo roubado é transformado em uma variante rudimentar de gasolina chamada “pé de grilo” (por conta da cor esverdeada), que é utilizada em laboratórios remotos na selva para processar folhas de coca e abastecer os equipamentos usados nessas operações.

Segundo o último relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), a produção de cocaína na Colômbia atingiu o número recorde de 1.738 toneladas em 2022 (aumento de 13% da área cultivada da droga com relação ao ano anterior).

Desde que assumiu o governo, o presidente Gustavo Petro (primeiro presidente de esquerda do país) vem adotando a abordagem (criticada pela oposição por conta dos números) de ir atrás dos chefes do narcotráfico ao invés dos produtores de folhas de coca, com o argumento que estes seriam o elo mais fraco.


Em 29 de julho deste ano, o filho do presidente da colombiano Gustavo Petro, Nicolás Fernando Petro Burgos, foi preso acusado de “enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro” do narcotráfico que segundo ele teria sido utilizado para abastecer a campanha política de seu pai, que segundo ele, não sabia de nada.

Nicolás saiu da cadeia 5 dias depois em liberdade condicional concedida pela Justiça local, que atendeu um pedido da defesa dizendo que o filho do presidente temia ser assassinado no presídio; “Se ele for para uma prisão, meritíssimo, não dura nem 24 horas” -advogado da defesa

O presidente colombiano vem enfrentando um outro escândalo político que teve início em junho deste ano com o vazamento de áudios enviados pelo seu coordenador de campanha Armando Benedetti, que posteriormente assumiu o posto de embaixador na Venezuela, e sua ex-chefe de gabinete presidencial Laura Sarabia, com Benedetti ameaçando tornar público um financiamento ilegal de campanha no valor de 15 bilhões de pesos (~R$ 18 milhões) em troca de demandas pessoais.

Ambos foram demitidos e Benedetti disse que os áudios foram manipulados (não existem evidências que suportem essa possibilidade).

Petro foi eleito o primeiro presidente de esquerda do país em junho do ano passado (concorreu em 3 eleições), derrotando Rodolfo Hernández, apelidado pela mídia local de “Trump colombiano”, tem 63 anos, era senador, ex-prefeito de Bogotá, economista e ex-guerrilheiro do M-19 (por 12 anos sob o codinome “Aureliano”).

O mandato de presidente na Colômbia tem duração de 4 anos e a reeleição presidencial local foi extinta em junho de 2015.


(Em atualização)

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