BRASÍLIA, 16 de setembro — O Brasil suspendeu indefinidamente seu programa de modernização – iniciado em 2020 – de seu principal tanque, o alemão Leopard 1A5BR/BF (Brasil Fase), devido à falta de peças no mercado internacional por conta da invasão russa na Ucrânia; de acordo com uma nota publicada pelo Comando Logístico (COLOG) do Exército Brasileiro, nota que foi replicada pelo Ministério da Defesa, as Forças brasileiras estariam “em busca de alternativas para retomar o projeto o mais breve possível” (não existe um caminho viável).
A vida útil da frota brasileira de tanques Leopard 1A5 termina em 2027. A modernização faria com que os tanques tivessem suas vidas úteis alongadas até 2037.
Como consequência da falta de peças, os tanques podem acabar sendo gradualmente canibalizados para que o país tenha uma frota mínima.
“O Ministério da Defesa informa que, em virtude da escassez de peças de reposição no mercado internacional, o processo de modernização dos tanques Leopard 1A5 do Exército Brasileiro foi temporariamente suspenso. A medida visa preservar a operacionalidade dos veículos já modernizados e garantir a segurança dos militares que os utilizam. O Ministério da Defesa ressalta que a paralisação é provisória e que está em busca de alternativas para retomar o projeto o mais breve possível” -nota do COLOG/Ministério da Defesa
Hoje, Alemanha, Dinamarca e Holanda estão enviando estoques de tanques Leopard 1 à Ucrânia, envios que incluem um grande número de peças sobressalentes e causaram uma verdadeira escassez sem retorno no mercado internacional (já que este tanque não é mais fabricado nos tempos atuais).
Não é possível prever qual decisão será tomada pelo Ministério da Defesa, que há anos estuda propostas de outros países para a substituição dos tanques por outros modelos modernos, porém especialistas já bateram o martelo de que países que utilizam este modelo de tanque, como o Brasil, que tem mais de 200 unidades em perfeitas condições, não conseguirão mais acesso ao mercado para mantê-los operacionais.
Por questões políticas, a opção óbvia de venda dos equipamentos (ou troca por modelos superiores utilizando as unidades como crédito) provavelmente está descartada, já que os veículos acabariam sendo repassados à Ucrânia e o presidente atual não aceitaria o negócio.
Pouco tempo atrás (decisão tomada em maio e comunicada em junho), o governo brasileiro recusou o envio (venda no valor de R$ 3,5 bilhões) de 450 ambulâncias blindadas (modelo Guarani) à Ucrânia para, de acordo com o argumento do governo Lula, ‘o Brasil não participar na guerra’.
As Forças brasileiras pretendiam utilizar o dinheiro dos royalties para desenvolver novas versões do blindado Guarani, que atualmente já atrai o mercado internacional e precisa acompanhar as atualizações de requisitos básicos.
De acordo com o Estadão, a decisão de cancelamento da venda teria surgido após o assessor especial da presidência (chanceler informal brasileiro) Celso Amorim ir ao Palácio do Planalto, uma semana antes da ida do presidente à Cúpula do G7, levando consigo um artigo do professor Manuel Domingos com o título: Quo vadis, Lula?. No artigo, do autor que frequentemente escreve artigos para mídias ligadas à esquerda política e que critica a parte da esquerda que não defende a invasão na Ucrânia ou que não culpa os Estados Unidos pela tentativa de expansão russa, diz que “Lula empenha-se pela paz em um mundo crispado” e pede que o presidente “projeta seu nome”; “O que pretende Lula quando permite uma demonstração de alinhamento do Exército brasileiro aos Estados Unidos e a seus fiéis escudeiros no teatro ucraniano?”.
O veto à venda dos veículos ambulância gerou um pedido de explicações ao Itamaraty pelo deputado da oposição Paulo Bilynskyj (a decisão também foi questionada por outros políticos opositores).
Os mesmos veículos, na versão original com armas equipadas, estavam inicialmente no plano de financiamento via BNDES que o Brasil originalmente faria à Argentina no pacote de ajuda ao país.
O assunto da venda teria sido um dos temas principais da viagem do Comandante das Forças Armadas, General Tomás Miguel Paiva, à Argentina, no fim do mês de julho.
A venda foi cancelada recentemente e retirada do plano de financiamento brasileiro porque o país não tem condições de pagar e não conseguiu apresentar garantias.
Em fevereiro deste ano, o Brasil também teve uma venda do mesmo blindado para as Filipinas bloqueada pela Alemanha como resposta pela recusa em revender (como consta em contrato) munições do equipamento de defesa aérea/antiaérea alemão Guepard ao país europeu, também por conta da munição ter como destino final a Ucrânia (venda bloqueada por conta do Guarani possuir peças alemãs).
O posicionamento do governo brasileiro também causou a não assinatura de um contrato de venda de aeronaves KC-390 Millennium para a Holanda.
(Em atualização)