Forças de Defesa de Israel encontram os corpos de mais três reféns em Gaza, entre eles o do brasileiro Michel Nisenbaum, de Niterói (RJ)

Reféns que foram recuperados mortos nesta madrugada em Gaza – Da esquerda para a direita: Michel Nisenbaum, Orión Hernández e Hanan Yablonka

JERUSALEM, 24 de maio — As Forças de Defesa de Israel confirmaram nesta manhã que encontraram em Jabaliya, na região norte de Gaza, em uma missão compartilhada com a Shin Bet (Inteligência interna israelense), os corpos de mais três reféns que haviam sido sequestrados pelo grupo terrorista Hamas no ataque de 7 de outubro, entre eles o do brasileiro Michel Nisenbaum (59).

Os outros dois reféns foram identificados como Hanan Yablonka (42) e Orión Hernández (turista mexicano de 30 anos).

Michel nasceu em Niterói (RJ), tinha 59 anos, trabalhava como técnico de informática em Israel, precisava de cuidados médicos para tratar a diabetes e a doença de Crohn, era pai de duas filhas, Chen e Michal, e avô de seis netos (o último, que ele não chegou a conhecer, foi batizado de Oz, “Coragem” em hebraico).

O brasileiro foi visto pela última vez no dia do ataque, quando estava indo buscar uma neta em uma base próxima de Gaza (a criança estava com o pai). Um telefonema da filha, mãe da criança, que ligou para saber se o pai já havia chegado ao local, foi atendido por terroristas que gritavam “viva o Hamas”.

O veículo de Michel foi encontrado queimado.

Foto antiga de Michel e suas filhas (arquivo da família)

No último dia 30 de novembro, Michel foi citado pelo presidente Lula durante a visita do mandatário brasileiro ao Qatar. De acordo com Lula, no primeiro posicionamento vindo de um oficial brasileiro sobre o refém, Michel poderia “ser liberado por esses dias”, o que não aconteceu.

No início deste mês de maio, a família de Michel lamentou a falta de ajuda do governo, dizendo que Lula apenas prometeu utilizar seus contatos contatos, mas que não ajudou na libertação do brasileiro.

Hoje, mais cedo, Lula voltou a falar de Michel, dessa vez para comentar sobre sua morte:

“O nosso coração está pingando sangue e eu não tenho palavras para poder explicar o que está passando com toda a nossa família. A nossa mãe chora o tempo todo e de uma família completa, passamos a ser uma família com menos um. Não podemos voltar a vida que tínhamos antes e até agora estamos vivendo dentro de um pesadelo. Eu gostaria de acordar bem e feliz desse mesmo pesadelo” -Mary Shohat, irmã de Michel durante discurso no Senado brasileiro (11/12/2023)

A lista atualizada de reféns israelenses em Gaza ainda conta com 125 nomes, dos quais mais de 40 já foram confirmados como mortos.

Quem eram os outros dois reféns que foram encontrados mortos hoje:

Hanan Yablonka, de 42 anos, nasceu e vivia em Tel Aviv, era pai de dois filhos, Liron, de 9 anos, e Emily, de 12 anos, e foi sequestrado (provavelmente levado já morto) no evento musical onde mais de 360 pessoas foram assassinadas na fronteira com Gaza, incluindo os três brasileiros Karla Stelzer Mendes (42), Bruna Valeanu (24), Ranani Nidejelski Glazer (24).

Um quinta brasileira, Celeste Fishbein (18), que trabalhava como babá na fronteira de Israel com Gaza, também foi morta no dia do ataque*

Yablonka tinha hipotireoidismo e doença de Addison, para as quais necessitava de medicação.

Em janeiro, por conta de um acordo realizado entre o Qatar e o grupo terrorista Hamas, Israel enviou seus medicamentos, assim como os de outros reféns, para Gaza.

Seus medicamentos foram posteriormente encontrados jogados, ainda nas caixas de envio, em Gaza (não haviam sido utilizados).

Hanan Yablonka | REPRODUÇÃO/redes sociais

Orión Hernández Radoux era um produtor musical mexicano (turista) de 30 anos, possuía cidadania francesa, tinha uma filha pequena, e era o namorado da tatuadora Shani Louk, de 23 anos, que viralizou no dia do ataque ao aparecer já morta sendo levada por terroristas do Hamas em um veículo aberto (o crânio de Shani foi recuperado no fim de outubro, enquanto o resto de seu corpo foi recuperado no sul de Gaza no último dia 17 de maio).

Shani Louk e Orión Hernández | REPRODUÇÃO/redes sociais

Familiares de Hernández no México chegaram a receber mensagens de texto, em árabe, com os dizeres “A Palestina será liberada, e Jerusalém será a capital da Palestina, e a Palestina será livre…”

Na ultima foto do casal nas redes sociais, Shani Louk apenas deixou na legenda as palavras “meu amor”.


Apoio inesperado francês ao brasileiro Michel: Parlamentares franceses criam no fim do ano passado a operação “um refém, um parlamentar” para “apadrinhar” reféns israelenses que estão detidos em Gaza pelo grupo terrorista Hamas e “defender suas causas até que eles voltem para casa”.

O brasileiro Michel Nisenbaum foi apadrinhado pelo deputado de centro Robin Reda, do partido do presidente Macron (não pertence ao mesmo grupo político por ter divergências na questão da reforma da previdência, na lei de segurança global e na gestão da pandemia*).


(Matéria em atualização)

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