Em evento em Washington, Celso Amorim, chanceler informal brasileiro, é repreendido ao comparar a pena de morte de criminosos nos EUA com as perseguições a mulheres pelo regime iraniano

Assessor internacional do presidente da República e chanceler informal do Brasil, Celso Amorim, e presidente Lula | Imagem por Marcelo Camargo/Agência Brasil (CC)

WASHINGTON DC, 19 de julho — Em uma conversa promovida ontem pela Carnegie Endowment for International Peace, um think tank global dedicado a “discutir a paz através da análise e do desenvolvimento de soluções políticas”, o assessor internacional do presidente Lula, Celso Amorim, que atua informalmente como chanceler brasileiro, foi repreendido pelo entrevistador Dan Baer, ex-embaixador americano na OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), ao responder a uma pergunta sobre a inclusão de mais regimes autoritários no BRICS e como os países democráticos agora são uma – pequena – minoria no grupo. A dura resposta do apresentador surgiu quando Amorim comparou as perseguições e assassinatos do regime iraniano contra a população, especialmente contra as mulheres, às penas de morte aplicadas nos Estados Unidos contra criminosos que cometem os crimes hediondos.

Para Dan Baer, que afirmou ser pessoalmente contra a pena de morte apesar de defendê-la enquanto funcionário do governo, a linha de comparação “não é moralmente respeitável”, “é uma comparação ruim” que “mina a credibilidade moral de quem faz esse tipo de equivalência”.

Íntegra da entrevista

Em sua argumentação, antes de ficar sem resposta diante da dura repreensão do apresentador, Celso, citando a recente eleição no Irã, chegou a depositar suas esperanças no novo presidente iraniano, a quem chamou de “mais moderado” (O presidente do Irã não exerce poder real no país e apenas representa o país em reuniões internacionais).

A pessoa mais moderada citada por Amorim é Masoud Pezeshkian (69), que foi “eleito” (escolhido pelo regime iraniano) presidente do Irã no início deste mês para ocupar a cadeira de Ebrahim Raisi, o “açougueiro/carniceiro do Teerã” que morreu em um acidente aéreo com um helicóptero no último dia 19 de maio.

Em seus primeiros compromissos e discursos públicos, Pezeshkian, que agora é o terceiro na linha de comando do Irã, abaixo do líder supremo Ayatollah Khamenei e do líder militar da Guarda Revolucionária Islâmica, garantiu ao líder do grupo terrorista Hamas, Ismail Haniyeh, que continuará apoiando a “resistência de Gaza” e que a ajuda iraniana será sua “principal prioridade”.

Ao Hezbollah, em uma conversa com o seu “Secretário-geral” Hassan Nasrallah, o novo presidente prometeu continuar apoiando o grupo “com força” e “seguindo os ideais do falecido Imam Khomeini e na orientação do Líder Supremo (Khamenei)” para acabar com o “regime zionista ilegítimo” (Israel).


Essa não foi a única polêmica do dia para Celso Amorim, que, durante uma entrevista à Globo News, amenizou a declaração de Maduro sobre um possível “banho de sangue” no país caso fosse derrotado na eleição presidencial, afirmando que o ditador venezuelano na verdade estava falando sobre uma “luta de classes” a “longo prazo”.

“Não é desejável esse tipo de declaração, mas eu não acredito que ela se materialize. E também, ele não colocou como um banho de sangue imediato … Não vou justificar, não, que eu acho que realmente é errado. Não se fala em sangue na época da eleição. Na eleição, você fala em voto, e não fala em sangue. MAS eu tenho a impressão, sendo, digamos, talvez um pouco compreensivo, que ele estava se referindo a longo prazo, luta de classes, coisas desse tipo, coisa que, de qualquer maneira, não deveria falar” -Celso Amorim

Por conta de uma chuva de críticas, a fala de Celso Amorim foi um dos assuntos mais comentados do dia nas redes sociais brasileiras.


(Matéria em atualização)

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