
BRASÍLIA, 19 de fevereiro — A ala política de Brasília, incluindo aliados do governo, já dá como certo que o presidente Lula anunciará neste fim de semana, durante o encerramento do evento de 45 anos do PT, um ministério para a polêmica presidente do partido, Gleisi Hoffmann. Ela poderá assumir a Secretaria-Geral da Presidência ou até mesmo o Ministério das Relações Institucionais (menos provável), atualmente comandado por Alexandre Padilha, que deve ser deslocado para o Ministério da Saúde no lugar da cientista Nísia Trindade.
Gleisi, que busca um terceiro mandato à frente do PT por meio de uma manobra classificada como “golpe” pela ala rival do partido, é considerada a face mais radical da sigla. Seu nome está frequentemente envolvido em polêmicas, como quando chamou o regime chinês de “democracia efetiva”, defendeu o fim da Justiça Eleitoral, por ter aparecido nas listas de codinomes da Odebrecht (aparece como “Coxa” e “Amante”), ou pelas diversas vezes em que manifestou apoio ao ditador venezuelano e seu amigo pessoal, Nicolás Maduro.
A futura ministra, que já participou da segunda cerimônia de “posse” do ditador venezuelano e fez discursos defendendo seu regime durante viagem à ditadura nicaraguense, foi responsável por divulgar a última nota oficial do PT, na qual o partido reconheceu a “eleição” fraudada por Maduro realizada no ano passado.
Nota da Executiva Nacional do PT sobre eleições na Venezuela | Partido dos Trabalhadores https://t.co/C1DjXZinQk
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) July 30, 2024
Quem também tem interesse no Ministério das Relações Institucionais, que cuida da distribuição de emendas parlamentares, é o novo presidente da Câmara, Hugo Motta, que tenta emplacar na pasta o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), aliado próximo do senador Renan Calheiros (MDB-AL). Outro nome apoiado por Motta para o ministério, que evitaria conflitos devido à rivalidade regional entre Bulhões e Arthur Lira, seria o do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
O movimento faz parte da aguardada reforma ministerial, que deve acomodar nomes do Centrão no governo, como o deputado Arthur Lira, cotado para o Ministério da Agricultura com o respaldo de Hugo Motta, o senador Rodrigo Pacheco, que poderá assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, atualmente ocupado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, e a deputada Tabata Amaral (PSB-SP), que deverá ser convidada para o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI).
O PSD de Gilberto Kassab, que já comanda os ministérios de Minas e Energia (Alexandre Silveira), Agricultura (Carlos Fávaro) e Pesca (André de Paula), deverá ampliar sua participação no governo.
A sigla tem interesse em pastas de maior relevância, como os ministérios dos Transportes (Renan Filho) e das Cidades (Jader Barbalho Filho), ambos sob o comando do MDB, além da Integração e do Desenvolvimento Regional (Waldez Góes), atualmente nas mãos do PDT.
Também é esperado que o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social (SECOM), Paulo Pimenta, substitua Paulo Teixeira no comando do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que já possui diversas indicações no Palácio do Planalto, é apontado como um dos principais articuladores da reforma ministerial e da ampliação do espaço do Centrão. O governo aposta nesse movimento para fortalecer sua base política e tentar melhorar sua imagem para 2026.
(Matéria em atualização)