PYONGYANG, 22 de setembro — A estatal norte-coreana de notícias KCNA reproduziu nesta manhã uma fala do vice-diretor geral do Gabinete Geral de Equipamentos do Ministério da Defesa da Coreia do Norte (nome não foi citado) sobre a notícia de que o país teria fornecido munição de artilharia para a Rússia na guerra contra a Ucrânia; oficial disse que o país “nunca enviou” os equipamentos e não tem planos de enviar.
A notícia inicial surgiu no dia 06 de setembro após uma nota oficial da inteligência americana sobre o assunto, que também foi comentada abertamente por estatais de mídia da Rússia alguns dias depois, apesar de ter sido negada por oficiais russos* (os Estados Unidos tratam hoje o assunto como “potencial venda”).
Até mesmo a notícia (extremamente improvável) de que a Coreia do Norte enviaria 100.000 soldados para lutar pelo lado russo foi comentada e aplaudida no programa de maior audiência da tv estatal russa.
Relevante sobre o envio de militares estrangeiros: A notícia divulgada pelo ministério da Defesa russo no dia 11 de março de que a Síria estaria enviando 16.000 soldados voluntários para lutar pela Rússia na guerra na Ucrânia, também acabou sendo marketing para a política local. A TV estatal do Ministério da Defesa “ZVEZDA” chegou até a divulgar um vídeo com os soldados sírios prontos para o embarque, todos com bandeiras sírias e russas, fotos do presidente Vladimir Putin e equipamentos com as marcações “Z”. Até o momento, 6 meses depois da divulgação, nenhum soldado sírio embarcou para a Ucrânia.
“Recentemente, os EUA e outras forças hostis falaram sobre a ‘violação de uma resolução’ do Conselho de Segurança das Nações Unidas, espalhando um ‘rumor de negócios de armas’ entre a Coreia do Norte e a Rússia. Nunca exportamos armas ou munições para a Rússia antes e não planejamos exportá-las. O boato foi criado para manchar a imagem do país […] Os EUA deveriam ficar com a boca fechada.” –vice-diretor geral do Gabinete Geral de Equipamentos do Ministério da Defesa da Coreia do Norte/estatal de notícias norte-coreana KCNA
De fato não existem confirmações visuais de transferências por parte do Coreia do Norte para a guerra na Ucrânia. A única suspeita até o momento surgiu quando foram encontrados equipamentos chineses em um território recuperado ucraniano, equipamentos que posteriormente foram confirmados como ajuda militar da Albânia (vídeo) à própria Ucrânia (o anúncio oficial da Albânia não continha detalhes / os equipamentos foram tomados durante a invasão, não foram utilizados porque a Rússia não possuía plataformas para fazer o uso da munição, e foram posteriormente recuperados).
Relação entre os países: Coreia do Norte e Síria foram os únicos países até o momento – além da Rússia – que reconheceram a declaração de independência das regiões ucranianas (parcialmente ocupadas) de Luhansk e Donetsk, que passarão nesta semana por um “referendo” para serem formalmente anexadas como parte do território russo.
Para efeito de comparação, Ossétia do Sul, região separatista tomada da Geórgia (país) pela Rússia em 2008 (com as mesmas justificativas), e que também está em processo de virar território russo (formalização), até hoje só teve a sua independência reconhecida pela Venezuela, Síria, Nicarágua e Nauru*
O referendo de anexação de Ossétia do Sul (Geórgia) havia sido marcado para acontecer no último dia 17 de julho (anúncio feito pela própria estatal russa Ria Novosti/РИА Новости), e foi posteriormente adiado pelo próprio líder separatista local apontado pela Rússia (ainda sem data oficial).
(em atualização)