Finlândia se torna um membro pleno da OTAN; “A era do não alinhamento militar em nossa história está chegando ao fim”

Ministro das Relações Exteriores finlandês Pekka Haavisto, Secretário-geral da OTAN Jens Stoltenberg e Secretário de Estado americano Antony Blinken | Imagem da transmissão oficial da cerimônia

BRUXELAS, 4 de abril — Como antecipado ontem por oficiais da OTAN e por membros do governo finlandês, a Finlândia se tornou há pouco um membro pleno da Organização do Tratado do Atlântico Norte; país tem a maior fronteira da União Europeia com a Rússia e a adesão dobrará a fronteira russa com a aliança militar.

Estão presentes na cerimônia de adesão, que está acontecendo neste momento, o presidente finlandês Sauli Niinistö, o ministro da Defesa finlandês Antti Kaikkonen, e o ministro das Relações Exteriores da Finlândia, Pekka Haavisto.

“Declaração do Presidente da República sobre a adesão da Finlândia à OTAN: Hoje, a Finlândia tornou-se membro da aliança de defesa da OTAN. A era do não alinhamento militar em nossa história está chegando ao fim. Uma nova era se inicia. Cada país maximiza sua própria segurança. Isso também é o que a Finlândia está fazendo. Ao mesmo tempo, a adesão à OTAN fortalece nossa posição internacional e nossa liberdade de movimento. Como parceiro, participamos ativamente nas atividades da OTAN há muito tempo. No futuro, com sua própria contribuição, a Finlândia fará parte da dissuasão e defesa comuns da OTAN. A adesão à Liga de Defesa traz segurança para a Finlândia. Já a Finlândia traz segurança para a federação. Comprometida com a segurança de todos os estados membros da OTAN, a Finlândia torna-se um aliado confiável que fortalece a estabilidade regional. A adesão da Finlândia não é dirigida contra ninguém. Também não altera os fundamentos ou objetivos da política externa e de segurança da Finlândia. A Finlândia é um país nórdico estável e previsível que luta pela resolução pacífica de conflitos. Os princípios e valores que são importantes para nós continuarão sendo o princípio orientador de nossa política externa também no futuro. A adesão à OTAN exigirá que a Finlândia esteja pronta para a mudança e se adapte. Embora a adesão não mude tudo, a aliança exige que adotemos uma nova forma de pensar, incluindo um novo tipo de legislação. Muito já foi feito: há anos desenvolvemos propositalmente nossa compatibilidade com a OTAN. Ainda há trabalho significativo pela frente para coordenar a defesa da Finlândia como parte da defesa comum da OTAN. As Forças de defesa também recebem novos requisitos e desafios que temos de enfrentar. Ao mesmo tempo, é claro que a contribuição mais significativa da Finlândia para a dissuasão e defesa conjunta da OTAN baseia-se na segurança e defesa do nosso próprio território. É aqui que o pensamento de segurança geral finlandês mantém seu valor. Mas não fazemos mais esse trabalho sozinhos. A Finlândia candidatou-se à adesão à OTAN juntamente com a Suécia. A adesão da Finlândia não está completa sem a adesão da Suécia. O trabalho para a adesão rápida da Suécia continua inabalável. Da mesma forma, uma cooperação estreita continua a construir segurança e defesa comuns em toda a região nórdica.” –nota do presidente finlandês Sauli Niinistö

Juntos, Finlândia e Suécia formalizaram seus pedidos de adesão à OTAN no dia 18 de maio do ano passado, e estavam até hoje aguardando a finalização do processo, que foi pausado na questão da Suécia para que o país consiga negociar a aprovação da Turquia, já que a adesão precisa da ratificação de todos os 31 (agora incluindo a Finlândia) membros.

Apesar de vários acordos realizados e várias concessões por parte da Suécia, o último pedido turco, a extradição de cerca de 150 pessoas que a Turquia considera “terroristas”(membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão/PKK), acabou paralisando a negociação.

Um acordo será fechado após a eleição presidencial turca que está marcada para acontecer no dia 14 de maio de 2023 (a Suécia preferiu esperar para ver se poderá negociar com um possível novo presidente, ou se terá que ceder ao novo pedido turco feito pelo presidente Erdoğan).

Documento assinado pelo ministro das Relações Exteriores finlandês Pekka Haavisto (publicação da comitiva finlandesa) – “INSTRUMENTO DE ADESÃO […] CONSIDERANDO que o artigo 10 do referido Tratado estabelece que as Partes podem, por acordo unânime, convidar qualquer outro Estado europeu em posição de promover os princípios do referido Tratado e contribuir para a segurança da área do Atlântico Norte a aderir ao referido Tratado, e que qualquer Estado assim convidado pode se tornar Parte do Tratado depositando seu instrumento de adesão junto ao Governo dos Estados Unidos da América; CONSIDERANDO que o Secretário-Geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, em nome de todas as Partes, comunicou ao Governo da República da Finlândia um convite para aderir ao Tratado do Atlântico Norte; AGORA, PORTANTO, o Governo da República da Finlândia, tendo considerado e aprovado o referido Tratado, declara formalmente sua adesão ao mesmo; EM TESTEMUNHO DO QUE 1, Pekka HAAVISTO, Ministro das Relações Exteriores, assinou este Instrumento de Adesão e apôs meu selo oficial. Bruxelas, 4 de abril”

“Estou tentado a dizer que esta é talvez a única coisa pela qual podemos agradecer ao Sr. Putin, porque ele mais uma vez aqui precipitou algo que ele afirma querer evitar com a agressão da Rússia, fazendo com que muitos países acreditem que precisam fazer mais para olhar para sua própria defesa e para garantir que possam impedir uma possível agressão russa no futuro” –Secretário de Estado americano Antony Blinken

Mais cedo, os sites do Parlamento finlandês receberam ataques (cibernéticos) DDOS (negação de serviço) do grupo hacker russo NoName057 (conhecido por trabalhar para o próprio governo russo).

Os ataques aconteceram antes da assinatura de adesão*

Não são esperadas respostas militares por parte da Rússia (provavelmente veremos movimentos militares pontuais para gerar engajamento midiático).

Apesar da confusão criada pelo discurso da Rússia de não permitir membros da OTAN em sua vizinhança, Estônia e Letônia, que fazem fronteira com a Rússia, são membros da OTAN desde 2004 e não tinham uma relação ruim com o país antes da nova incursão russa na Ucrânia de fevereiro de 2022.

A Finlândia, que agora está incluída oficialmente na OTAN, tem mais de 1.340km de fronteira com a Rússia, e suas fronteiras estão vazias militarmente como nunca estiveram antes (incluindo batalhões conhecidos que lutaram na última guerra contra a Finlândia).

A última guerra entre Finlândia e União Soviética terminou com cerca de 25.000 finlandeses mortos (e mais de 40.000 feridos) e cerca de 127.000 soldados soviéticos mortos (e mais de 265.000 feridos). Após o fim da guerra, a União Soviética (Rússia) ainda acabou ficando com cerca de 10% do território da Finlândia, que teve que realocar mais de 400 mil pessoas (na época, 11% da população) do território perdido*


(em atualização)

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