Documento americano vazado diz que presidente do Egito, um dos maiores aliados dos EUA, recentemente ordenou a produção secreta de 40 mil foguetes para a Rússia

Presidente egípcio Abdul Fattah al-Sisi e ex-secretário de Defesa dos EUA Jim Mattis durante visita do mandatário do Egito ao Pentágono | Imagem por Amber I. Smith/DOD

WASHINGTON, 10 de abril — De acordo com o jornal americano Washington Post, que teve acesso a um dos documentos de inteligência americanos que foram vazados recentemente, disse que confirmou um dado sobre o presidente egípcio Abdul Fattah al-Sisi ter ordenado recentemente que a sua indústria bélica produzisse secretamente 40.000 foguetes (provavelmente Sakr-45 122mm) para a Rússia; de acordo com o documento, ele pediu pelo sigilo “para evitar problemas com o Ocidente” – palavras do próprio presidente, que conversava com um oficial militar.

O presidente egípcio também teria conversado sobre o envio de munição de artilharia e pólvora.

Os documentos, datados de fevereiro e março, foram vazados inicialmente em um fórum (Discord) sobre o jogo Minecraft, por uma pessoa que participou de reuniões de Inteligência dos Estados Unidos, e que postou os dados apenas para ganhar em uma discussão online com um completo desconhecido.

Boa parte dos documentos que vieram a público dizem respeito a dados que são facilmente encontrados em bancos de dados (muitos deles de dados confirmados) de especialistas militares que estão cobrindo a guerra na Ucrânia*

“O Egito é um dos nossos aliados mais antigos no Oriente Médio […] Se é verdade que Sisi está secretamente construindo foguetes para a Rússia que poderiam ser usados na Ucrânia, precisamos fazer uma avaliação séria sobre o estado de nosso relacionamento.” –senador Democrata Chris Murphy

Segundo o jornal, perguntado sobre a veracidade das conversas, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Egito, Ahmed Abu Zeid, disse que “a posição do Egito desde o início é baseada no não envolvimento nesta crise e no compromisso de manter distância igual com ambos os lados, enquanto afirma o apoio do Egito à carta da ONU e ao direito internacional nas resoluções da Assembleia Geral da ONU”; “continuamos a pedir a ambas as partes que cessem as hostilidades e cheguem a uma solução política por meio de negociações”.

Oficiais americanos não identificaram que o Egito teria concretizado o envio.

O movimento, mesmo sem uma confirmação além do dado que indica a conversa do presidente egípcio, já está sendo duramente criticado por políticos americanos que ontem também criticaram duramente o presidente francês Emmanuel Macron, que ao retornar de sua visita à China, ainda no avião, disse para jornalistas que a Europa não deveria se envolver no conflito entre China e Taiwan e que o continente deveria ficar neutro na briga que envolve os Estados Unidos, que fornece armamentos para que a ilha tente lutar pela sua independência da China.

De acordo com os presentes no avião do presidente Macron, os comentários foram revisados pela equipe presidencial, que pediu a remoção de alguns trechos documentados das conversas.

Entre os trechos que teriam sido removidos, segundo presentes, estavam duras críticas aos Estados Unidos – que na prática protege o país há décadas – e até ao dólar americano.

Esse padrão de comentário e posição já é relativamente comum entre os mandatários da França e da Alemanha, desde as outras gestões*

“Este é um bom momento para perguntarmos à Europa: Macron fala por toda a Europa? Macron é agora o chefe da Europa, é agora o líder mais poderoso da Europa? […] Na verdade, quando Macron tentou bancar a superpotência global e enviou tropas ao norte da África para combater terroristas, ele não conseguiu nem levar suas próprias tropas para lá. Tivemos que levá-los para lá e tivemos que levá-los de volta; ele não conseguiu nem mesmo colocar suas próprias tropas lá […] Precisamos perguntar à Europa se ele fala por eles, porque estamos muito envolvidos na Ucrânia agora, estamos gastando muito do dinheiro do contribuinte em uma guerra europeia, e apoiei isso porque acho que é do interesse nacional dos Estados Unidos serem aliados de nossos aliados […] Então, se eles vão sair por conta própria e seguir o exemplo de Macron, isso vai nos poupar muito dinheiro […] mas, se a posição de nossos aliados – se, de fato, Macron fala por toda a Europa, e a posição deles agora é que eles não vão escolher lados entre os EUA e a China com relação a Taiwan, talvez também não devêssemos escolher lados. Talvez devêssemos basicamente dizer que vamos nos concentrar em Taiwan e nas ameaças que a China representa, e vocês lidam com a Ucrânia e a Europa” –senador Republicano Marco Rubio

Os Estados Unidos ainda não se posicionaram oficialmente sobre a questão do Egito (as falas do presidente egípcio provavelmente serão tema de perguntas na próxima coletiva com a porta-voz da Casa Branca e com o porta-voz do Pentágono).

O Egito tem acesso ao mercado Ocidental e realiza compras de armas de países da OTAN com frequência.

Desde 1987, os Estados Unidos enviam US$ 1,3 ~ 1,5 bilhão de dólares anualmente ao país como Financiamento Militar Estrangeiro.

Entre 1948 e 2011, os Estados Unidos deram ao Egito cerca de US$ 71,6 bilhões em ajuda militar e econômica bilateral.

Caça da Força Aérea egípcia (F-16 Fighting Falcon de fabricação americana)
Imagem de uma das fábricas egípcias que produzem localmente o tanque americano Abrams M1A1
Tanques americanos produzidos localmente pela indústria egípcia

(em atualização)

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