RIO DE JANEIRO, 11 de abril — O ministro da Defesa do Brasil, José Múcio, após participar da cerimônia de abertura da maior feira do setor de defesa da América Latina, a Laad Defence & Security 2023, defendeu a construção de um plano para aumentar o orçamento da Defesa brasileira para 2% do PIB (atualmente, o orçamento equivale a 1,3% do PIB) e disse, em entrevista à mídia internacional (Reuters), que o Brasil estuda comprar mais unidades do caça sueco/brasileiro F-39 Gripen E/F (“caça mais avançado da América Latina”).
“A Força Aérea diz que há necessidade, mas evidentemente você tem que ver caixa, prioridade. Estamos estudando e ainda está em uma fase embrionária […] Ainda esta semana falamos com o embaixador da Suécia sobre isso e é uma conversa que está no início […] A gente precisa investir nisso. Investimos cerca de 1,3% do PIB e precisamos investir mais. Quando a gente fala nisso, me seduz muito o estímulo à geração de emprego no país, é uma resposta muito rápida […] O presidente pediu para a gente apresentar uma proposta nova para ver onde nós poderíamos aumentar investimentos. A Colômbia tem 3,6% do PIB, Portugal tem quase 2% […] O Brasil não vai se armar, mas vamos apresentar uma proposta para aumentar o investimento em defesa de forma gradativa. Minha proposta será de até 2% do PIB. Estamos procurando gerar muito emprego. É uma indústria que paga muito imposto e para o país é algo muito importante” –ministro José Múcio
Para efeito de comparação, é esperado que a OTAN anuncie em julho um piso de 2% do PIB direcionado à defesa nacional para todos os 31 membros da aliança*
O Brasil adquiriu 36 caças Gripen da Suécia em 2014 (anunciado no fim de 2013) por US$ 5,4 bilhões ou R$ 28 bilhões em valores atuais na moeda brasileira, aeronaves que serão entregues até 2027.
Outras quatro aeronaves foram adicionadas no ano passado ao contrato, totalizando 40 caças, que serão produzidos pela Saab em parceria com a Embraer.
O acordo para a compra das aeronaves prevê a transferência de tecnologia para o Brasil e o treinamento de dois anos para 350 profissionais que vão cuidar da montagem das aeronaves na planta da Embraer, em Gavião Peixoto, em São Paulo*
Oficiais da FAB já haviam falado publicamente nos últimos anos sobre a necessidade, por conta das dimensões do país, de um segundo contrato de compra de mais 26 caças para o Brasil, porém é esperado que o pedido seja aumentado para mais 30 aeronaves.
Ainda segundo o ministro, estavam previstas para hoje cerca de “20 reuniões bilaterais com representantes de outros países” que têm interesse em comprar produtos ou firmar parcerias com empresas brasileiras do setor da Defesa (não foram fornecidos detalhes).
Parceria com os suecos: Na mesma feira (Laad Defence & Security 2023), que está sendo realizada no Rio de Janeiro até quinta-feira, também foi anunciada a assinatura de um Memorando de Entendimento (MoU) entre a Embraer e a sueca Saab, para a ampliação da parceria entre as empresas.
O ponto mais relevante do memorando entre as empresas é a formação de uma parceria para posicionar a aeronave brasileira Embraer C-390 Millennium “como a solução preferencial para os requisitos de transporte aéreo tático da Força Aérea da Suécia” (para vender ao país, provavelmente integrando a aeronave aos sistemas da Saab).
De acordo com o anúncio, as empresas também “desenvolverão ainda estudos técnicos para futuros caças, ampliando a transferência de tecnologia da Saab para a Base Industrial de Defesa no âmbito do programa Gripen para a Força Aérea Brasileira (FAB)”.
(em atualização)
