QUITO, 17 de maio — O presidente equatoriano Guillermo Lasso, que está no cargo desde 2021, assinou agora um decreto (Decreto Executivo 741) que ativa a chamada “morte de cruz”, medida constitucional local que dissolve a Assembleia Nacional e convoca novas eleições presidenciais e legislativas; a medida nunca havia sido utilizada no país.
Lasso se encontra no meio de um processo de impeachment (processo começou a tramitar ontem na Assembleia Nacional) por ser acusado de fazer vista grossa (peculato) em um suposto desfalque relacionado a um contrato da empresa estatal de transporte de petróleo Flopec, e já venceu outro processo de impeachment em junho do ano passado por “grave crise interna” (sem imputação de crime).
Para ser afastado no último processo de impeachment, eram necessários 92 votos favoráveis ao afastamento, entre os 137 membros da Casa legislativa. No entanto, a oposição obteve apenas 80 e não conseguiu destituir Guillermo Lasso.
O presidente, que passaria por mais uma votação de seu impeachment no parlamento equatoriano no próximo sábado, nega a acusação.
O país vem passando por uma dura crise institucional que envolve o aumento da narcoviolência em grande parte do território nacional, o aumento do custo de vida, como é registrado no resto do mundo, e a mobilização e crescimento da oposição política local (esquerda).
No início do mês passado, Lasso apareceu em uma transmissão em cadeia nacional liberando o porte e a posse civil de armas de fogo como medida para conter a narcoviolência no país.
As eleições equatorianas estavam marcadas para acontecer naturalmente apenas em 2025.
Com a utilização do artigo 148, que ativa a medida que dissolve o parlamento local, o presidente Lasso poderá governar o país por decreto por seis meses (prazo regimental para que sejam organizadas novas eleições).
(Em atualização)