TROMSØ, 25 de outubro — Um “agente ilegal” russo foi preso ontem na Noruega enquanto se passava por cientista em uma universidade envolvida em pesquisas do governo norueguês contra “ameaças híbridas à Noruega Ártica”; o homem, que utilizava o nome “José Assis Giammaria”, portava documentos brasileiros (ainda não temos imagens dos documentos).
O órgão de inteligência norueguês PST, cuja principal tarefa é prevenir e investigar crimes graves que ameaçam a segurança nacional, disse que o homem preso “significa uma ameaça fundamental os interesses nacionais do país”.
Segundo o órgão, o “agente ilegal” havia passado um tempo no Canadá (Universidade de Calgary), cursando Estudos Militares de Segurança e Estratégicos, com ênfase no Ártico Canadiano; “era contra redes sociais e não tinha nem aplicativos de mensagens, apenas Telegram”.
Giammaria (nome falso) chegou na universidade norueguesa em dezembro de 2021.
Ambos, Noruega e Canadá, são membros da OTAN.
Um “agente ilegal” é um agente de inteligência sem ligações oficiais com um governo (histórico limpo) que assume uma personalidade secreta, geralmente em profissões ligadas a um governo-alvo, e que na maioria das vezes utiliza uma identidade real de uma pessoa morta ou sabidamente desaparecida.
“Normalmente, os agentes ilegais são caçadores de talentos que recrutam agentes para mais tarde e preparam o terreno para outros espiões fazerem o trabalho tradicional de inteligência […] era o ponto certo para parar a atividade em que ele estava envolvido […] ele deve ser expulso do país” —Hedvig Moe, vice-presidente da PST
No início do mês, após vários drones comerciais (civis) terem sido avistados sobrevoando a infraestrutura energética do país e plataformas de gás, um russo de 50 anos foi preso após admitir que estava utilizando um destes equipamentos para tirar fotos de regiões “críticas” do país.
Ele tinha 3 passaportes, dois russos e um israelense, e 4 terabytes de dados.
Depois da invasão russa na Ucrânia, em fevereiro deste ano, é terminantemente proibido em todo o território norueguês a decolagem e voo de drones aperados por cidadãos russos (Noruega e Rússia possuem uma fronteira de 195,7 km).
Em abril, na Holanda, um espião russo já havia sido preso, também se passando por brasileiro, enquanto tentava acessar o Tribunal Penal de Haia como estagiário.
Sergey Vladimirovich Cherkasov (nome falso “brasileiro”: Viktor -Victor em redes sociais- Muller Ferreira, de Niterói), de 36 anos (33 nos documentos falsos), trabalha para a Glavnoye Razvedyvatelnoye Upravlenie (inteligência militar russa/soviética).
Ele foi deportado para o Brasil e condenado aqui a 15 anos de prisão pela 5ª Vara Federal de Guarulhos (São Paulo).
Ele usou os documentos falsos brasileiros de 2012 a 2022, já entrou e saiu do Brasil (costumava viajar para fora partindo do Brasil) por 15 vezes, sempre pelos aeroportos de Guarulhos (São Paulo) e Galeão (Rio de Janeiro).
Seus documentos falsos foram confeccionados durante uma viagem ao Brasil, quando ele ainda utilizava seus documentos originais, em 2010; ele saiu do Brasil em 2012 já utilizando o nome de Viktor-Victor Ferreira.
Sua missão no Tribunal de Haia seria de observar e relatar quais eram –e o andamento– dos processos abertos que investigavam os crimes de guerra cometidos pela Rússia na guerra na Ucrânia.
(em atualização)