Alvo de denúncia ao MPF, viagem de Janja a Roma teve passagens em classe executiva mesmo sem autorização normativa

Lula e Janja da Silva | Imagem ilustrativa por Marcelo Camargo/Agência Brasil

BRASÍLIA, 25 de fevereiro — A viagem da primeira-dama Janja da Silva a Roma para um evento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrário (FIDA), realizado entre 9 e 13 de fevereiro, voltou ao centro das atenções nesta segunda-feira após denúncia do Estadão, que revela que Janja viajou em classe executiva sem autorização legal, ao custo de R$ 34.380,00, em desacordo com as regras que limitam esse benefício a voos com mais de sete horas apenas para ministros de Estado, ocupantes dos mais altos cargos comissionados ou seus representantes. A controvérsia se dá pelo fato de a primeira-dama, que foi ao evento como “colaboradora do Ministério do Desenvolvimento Social”, não exercer cargo público e ter levado 11 servidores na comitiva, além da presença do ministro Wellington Dias no evento, o que elimina qualquer eventual necessidade de representação.

Com alguns valores ainda desconhecidos, a comitiva de 12 pessoas, contando com Janja e três servidores de seu “gabinete informal”, teve um custo mínimo de R$ 292.398 aos cofres públicos em passagens e diárias.

Decreto nº 10.934, de 11 de janeiro de 2022

O voo de Janja para Roma, operado pela companhia portuguesa TAP, partiu de Brasília no dia 09 de fevereiro, às 18h10, fez uma escala em Lisboa e seguiu diretamente para o aeroporto de Fiumicino, em Roma.

No dia 13, Janja retornou em voo direto da Latam, ocupando o assento 10L da classe Premium Business — equivalente à classe executiva —, no trajeto sem escala entre o Aeroporto de Roma e o Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.

As passagens de Janja foram solicitadas pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) à agência de turismo Voetur em 31 de janeiro, apenas 10 dias antes da viagem.

Enquanto estava em Roma, a primeira-dama ficou na Residência Oficial do Brasil, no Centro da cidade (Palazzo Pamphilj).

Chama a atenção também o fato de que o ministro convidado Wellington Dias, eleito durante a viagem presidente mundial do Conselho da Aliança Global, levou apenas três assessores, enquanto a comitiva da Presidência da República contou com cinco, sendo três deles ligados ao “gabinete informal” de Janja. Entre eles estão o fotógrafo Cláudio Adão dos Santos Souza, conhecido como “Claudinho”; a especialista em redes sociais Julia Camilo Fernandes Silva, lotada na SECOM como coordenadora de Redes Digitais; e Edson Antonio Moura Pinto, capitão do Exército e ajudante de ordens da primeira-dama.

Em resposta, o governo, que anteriormente já justificou as viagens da primeira-dama em classe executiva com a alegação equivocada de que a legislação vigente a incluía na lista de exceções, divulgou uma nota da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (SECOM) explicando a agenda de Janja na viagem e orientando a consulta ao Ministério do Desenvolvimento Social para obter informações sobre os custos da viagem.

“A primeira-dama, Janja Lula da Silva, esteve em Roma a convite do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrário – FIDA – para participar da abertura da Reunião do Conselho de Governança do FIDA, e outras agendas em torno do tema da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. Janja viajou como colaboradora do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Para informações sobre custos da viagem, sugerimos consultar o ministério. Quanto à hospedagem, ⁠Janja Lula da Silva hospedou-se na Residência Oficial do Brasil em Roma” -Nota da SECOM

Vale ressaltar que a primeira-dama tem sido duramente criticada por membros da base aliada de Lula, incluindo seus mais próximos e fiéis ao PT, devido ao controle que exerce sobre a agenda do presidente, deixando-o “indisponível” — com alguns aguardando suas viagens para conseguir marcar agendas com Lula. Além disso, na última semana, a viagem de Janja a Roma foi alvo de uma denúncia ao Ministério Público Federal (MPF), apresentada pelo advogado Jefrey Chiquini e pelo vereador de Curitiba, Guilherme Ferreira Kilter Lira (NOVO), que questiona tanto os gastos da comitiva quanto a real justificativa da presença de seus integrantes.


(Matéria em atualização)

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