CARACAS, 30 de maio — O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) brasileiro confirmou que recebeu, porém negou (a negativa ainda não foi comunicada ao Itamaraty), um convite, que chegou ao Brasil no último dia 17, para acompanhar as “eleições” presidenciais venezuelanas que estão marcadas para acontecer no próximo dia 28 de julho (data de aniversário do falecido ditador venezuelano Hugo Chávez).
A confirmação do recebimento deste convite acontece dois dias após o regime venezuelano anunciar oficialmente que retirou o mesmo convite que havia sido feito à União Europeia para que eles também pudessem acompanhar a realização do pleito.
Essa revogação do convite feito à União Europeia foi anunciada na última terça-feira (28) em um comunicado à imprensa do ex-parlamentar chavista e chefe do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela (TSE venezuelano), Elvis Amoroso, que disse que “seria imoral permitir sua participação conhecendo suas práticas neocolonialistas e intervencionistas contra a Venezuela. A presença de observadores da União Europeia não é bem-vinda em um processo eleitoral tão importante”.
A observação internacional de missões técnicas da União Europeia, da ONU e de outros organismos internacionais é um dos pontos acordados no Acordo de Barbados.
Esse acordo, firmado em outubro de 2023 na Noruega entre o regime venezuelano e a oposição representada pela Plataforma Unitaria Democrática, em teoria, havia estabelecido “garantias eleitorais” para que ocorressem eleições presidenciais justas no país em troca da suspensão e até a eliminação de sanções internacionais.
O pedido formal para a retirada do convite aos europeus partiu da Assembleia Nacional, que é controlada pelo regime de Maduro.
Diferente do convite ao TSE, que chegou ao Brasil há menos de duas semanas através de um ofício encaminhado via Ministério das Relações Exteriores, o convite à União Europeia havia sido enviado em março, logo após o anúncio da data da “eleição”.
O ditador venezuelano Nicolás Maduro, em teoria, disputará a eleição contra Edmundo González Urrutia, representante da coalizão opositora, a Plataforma Unitária, substituindo a líder da oposição María Corina Machado, cuja candidatura foi inabilitada pelo regime. Além deles, participarão das eleições mais 11 candidatos que estão preenchendo tabela e são ligados a Maduro.
HISTÓRICO DA INABILITAÇÃO POLÍTICA DE CORINA MACHADO (PRINCIPAL OPOSITORA NO PAÍS): Em fevereiro de 2014, María Corina Machado, então deputada, emergiu como uma das principais líderes das grandes manifestações contra o regime venezuelano que estavam acontecendo naquele período.
Seu mandato na Assembleia Nacional venezuelana, na época liderada por Diosdado Cabello, um dos maiores narcotraficantes da América do Sul e atualmente o braço direito de Maduro (líder da milícia armada do regime, os “Colectivos”), foi cassado cerca de um mês depois.
Em 2015, com o argumento de que Corina não havia declarado alguns patrimônios (o que foi negado por ela), a Controladoria-Geral venezuelana, controlada pelo regime local, condenou a opositora a não exercer cargos públicos por 12 meses e a proibiu de deixar o país.
Em teoria, María Corina Machado já estava liberada para concorrer às eleições venezuelanas. No entanto, em julho do ano passado, a Corregedoria-Geral decidiu, após um pedido de revisão feito por um deputado aliado ao regime local, que, devido ao seu apoio às sanções dos Estados Unidos contra o ditador Maduro, a punição seria “estendida” por mais 15 anos a partir da data da decisão.
Corina, uma “católica ferrenha”, é conhecida localmente como “dama de ferro” e sempre foi uma das vozes mais firmes contra os chavistas, recusando qualquer tipo de acordo e sendo uma crítica e opositora até mesmo do antigo governo paralelo de Juan Guaidó.
Relevante: Além dos candidatos à presidência venezuelana, o regime de Maduro também já inabilitou inúmeros candidatos que disputariam importantes cargos regionais contra candidatos do ditador Nicolás Maduro nas próximas “eleições” regionais venezuelanas que deverão acontecer em 2025.
Ainda é esperado que Maduro encontre uma maneira de vetar a candidatura do representante que está sendo utilizado pela opositora María Corina Machado.
No final de março, durante uma transmissão ao vivo, Maduro, depois de classificar como “covarde” a esquerda política sul-americana que começou a criticá-lo de forma suave, rotulou o partido da oposição venezuelana Vente Venezuela, liderado por Corina, como um “movimento terrorista”.
(Matéria em atualização)