JOHANNESBURGO, 24 de agosto — Durante reunião dos líderes do BRICS (bloco político e grupo econômico informal criado para rivalizar com o G7) realizada nesta manhã (horário local), na cúpula que está acontecendo na África do Sul, o grupo formalizou o convite para mais seis países que deverão realizar ajustes preestabelecidos (“seguir as diretrizes”) para ingressar no grupo a partir de 2024; os escolhidos foram: Argentina, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.
Ontem, os 5 líderes do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) já haviam falado publicamente que apoiavam essa expansão.
O anúncio original iria conter também a Indonésia, porém o país anunciou sua desistência por “questões locais”.
“Apoiamos uma reforma abrangente da ONU, incluindo o seu Conselho de Segurança, com vista a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e aumentar a representação dos países em desenvolvimento nos membros do Conselho para que possa responder adequadamente aos desafios globais prevalecentes e apoiar as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo o Brasil, a Índia e a África do Sul, a desempenhar um papel mais importante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo o seu Conselho de Segurança […] encarregamos os nossos ministros das finanças e presidentes dos Bancos Centrais, conforme apropriado, a considerarem a questão das moedas locais, instrumentos de pagamento” -trecho da nota final emitida pela cúpula
A cúpula, que deverá se encerrar na tarde de hoje (horário de Brasília) tinha o objetivo principal de discutir a expansão do grupo. Apesar disso, existem inúmeras divisões internas e posições divergentes sobre como o grupo deve ser gerido e qual deve ser a velocidade dessa expansão. A questão da “moeda comum”, apesar de constar na nota final do evento, é motivo de divergências e não foi tratada diretamente na cúpula.
“É muito importante a Argentina estar nos BRICS. O Brasil não pode fazer política de desenvolvimento industrial sem lembrar que a Argentina tem que crescer junto” -presidente brasileiro durante entrevista realizada ontem
De acordo com a agenda oficial do evento, o dia de hoje será dedicado a reuniões com representantes dos 40 países que foram convidados para participarem da cúpula.
Na agenda oficial do presidente Lula estão um almoço oficial do país anfitrião oferecido pelo presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, uma reunião com a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, e uma reunião com o presidente iraniano (e provável próximo Ayatollah/líder supremo do Irã) Ebrahim Raisi (subiu ao cargo de presidente levando o apelido “açougueiro de Teerã”).
O mandatário brasileiro disse, em declaração à imprensa, que “o Brasil dá boas vindas aos novos membros”. Segundo Lula, com os novos membros do grupo, o bloco político passa a representar “36% do PIB mundial”.
Dentre os representantes dos países que fazem parte do grupo, apenas Vladimir Putin não compareceu na cúpula por estar listado como procurado pelo Tribunal Penal Internacional (com mandado de prisão formal) por “crimes de guerra” nas regiões que foram ocupadas após a nova invasão russa à Ucrânia de fevereiro de 2022.
(Em atualização)