Candidata esquerdista apoiada pelo governo vence eleição presidencial no México

Presidente-eleita do México, Claudia Sheinbaum | Imagem oficial

CIUDAD DE MÉXICO, 3 de junho — A candidata esquerdista apoiada pelo governo de Andrés Manuel López Obrador, Claudia Sheinbaum (61), venceu as eleições presidenciais mexicanas e se tornará a primeira mulher a presidir o México, governando o país pelos próximos seis anos.

Ainda no início da apuração oficial, Claudia Sheinbaum aparece seguindo a média de todas as pesquisas locais liderando o pleito com cerca de 57% dos votos, contra 30% da senadora centrista indígena Bertha Xóchitl Gálvez Ruíz, e apenas 10% de Jorge Álvarez Máynez (centro esquerda).

Apuração oficial (17% dos votos apurados, praticamente sem alterações desde os primeiros resultados)

Seguindo as regras eleitorais mexicanas, o pleito realizado neste domingo (2) não conta com um segundo turno, e o país também não permite a reeleição presidencial. A posse da próxima presidente acontecerá em 1º de outubro.

Claudia é formada em Física, fez pós-graduação em Engenharia Ambiental, possui um pós-doutorado pela Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, e tem um histórico de pesquisas “sobre questões ambientais e mudanças climáticas”. Ela é judia, filha de ativistas políticos de esquerda, é conhecida localmente como “dama de gelo” por não ser carismática (herdou os votos de seu padrinho político), está em seu segundo casamento e tem uma filha e um enteado.

Como o plano de governo de Sheinbaum é essencialmente igual ao do atual presidente, não são esperadas grandes mudanças no país que enfrenta um período de extrema violência ligada ao narcotráfico e ao domínio de território (regiões inteiras do país são controladas por cartéis e não possuem qualquer presença do Estado).

Apenas neste pleito, mais de 200 pontos de votação sequer foram montados por conta de ameaças de ataques de cartéis locais.

RELEVANTE: A opositora derrotada, Gálvez, adotava um discurso de que o atual governo “abraça” os cartéis ao invés de confrontá-los, e que o “México não deveria ser próximo de países autoritários e corruptos”.

Eleito com a promessa de combater a corrupção, a impunidade e se opor à união do governo com os cartéis de drogas, López Obrador deixa para sua sucessora um país com pouquíssimas mudanças e sai enfrentando duras acusações pessoais. Essas acusações envolvem sua família e campanhas anteriores, relacionadas à corrupção e ao seu próprio envolvimento com os cartéis locais (acordos e financiamentos de campanha).

Apesar de utilizar como propaganda local a criação de Forças militares especializadas no combate aos cartéis, o número de pessoas assassinadas ou desaparecidas durante os seis anos do governo de Obrador superou os números de todos os outros governos anteriores.


Na região, Claudia é próxima de Lula, Pepe Mujica, Evo Morales e Boric, e crítica do atual presidente argentino Javier Milei, apesar do México não ter o costume de se posicionar em questões internacionais.

PLANOS FUTUROS: Um dos planos mais polêmicos de López Obrador, a reforma do Judiciário, continuará sendo uma das principais pautas do governo.

O partido do atual presidente e da presidente-eleita, “MORENA”, propõe que ministros da Suprema Corte, juízes, desembargadores e ministros da Justiça Eleitoral renunciem de seus cargos e sejam todos substituídos por pessoas escolhidas por voto direto.

A proposta precisará de dois terços dos votos da Câmara e do Senado para ser aprovada.


ELEIÇÕES GERAIS: Além de eleger o presidente do país, os mexicanos votaram ontem para escolher 128 senadores, 500 deputados, oito governadores, uma chefia de Governo, 31 congressos regionais, 1.580 prefeitos, 16 administrações locais e 24 juntas municipais.


(Matéria em atualização)

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