ASSUNÇÃO, 30 de abril — O candidato governista paraguaio Santiago Peña Palacios venceu as eleições do país e será o novo presidente do Paraguai até 2028; as eleições locais não possuem um segundo turno.
Até o momento (apuração em andamento), Peña tem ~42,8% dos votos. Os outros dois candidatos, Efraín Alegre e Paraguayo Cubas (chamado pela mídia local de “Bolsonaro paraguaio”), estão com ~27,5% e ~22,9%, respectivamente.
A eleição local registrou uma participação de 63,2% da população.
Peña tem 44 anos, nasceu em Assunção, e é visto como um político de centro-direita, do tradicional Partido Colorado que já governa o país desde 2013; a sigla só perdeu uma eleição nos últimos 76 anos.
45 senadores, 80 deputados, 17 governadores e centenas de representantes dos Parlamentos regionais também disputaram este pleito*
Peña é casado (casou-se aos 19 anos) e é pai de dois filhos adultos. Formado pela Universidade Católica de Nossa Senhora de Assunção, começou cedo a carreira de economista, ingressando ainda como estudante no Banco Central local (BCP). Peña também cursou Políticas Públicas na Universidade de Columbia, nos EUA, e fez parte do departamento de África do Fundo Monetário Internacional (FMI), na capital americana Washington.
Peña retornou ao Paraguai já como diretor do Banco Central do Paraguai (BCP) e renunciou posteriormente à cadeira para virar ministro das Finanças do ex-presidente paraguaio Horacio Cartes (tentou deixar o cargo de presidente em 2018, pouco antes do fim do mandato, porém foi impedido pelo Congresso), seu padrinho político (os dois foram votar juntos, com Cartes andando à frente do presidente-eleito, como se fosse o real titular do cargo).
Cartes, um dos homens mais ricos do país e com fama local de mafioso, já teve até um mandado de prisão expedido no Brasil na Lava Jato por ter ajudado seu amigo pessoal Dario Messer, o conhecido “doleiro dos doleiros” (preso em julho de 2019), a fugir e ocultar seus patrimônios bilionários. Hoje, o ex-presidente é sancionado pelos Estados Unidos e está em uma lista de “muito corruptos”.
O agora Presidente-eleito Santiago Peña disputou o último pleito de 2017 com o apoio do movimento “Honor Colorado”, do ex-presidente Cartes, porém perdeu as eleições primárias internas do partido Colorado para o atual presidente paraguaio Abdo Benítez.
Peña é visto como uma continuação do governo atual e não apresenta divergências com relação à política externa do país.
Na última semana, o então candidato havia prometido continuar reconhecendo a independência de Taiwan (o Paraguai reconhece formalmente à independência da ilha) e prometeu devolver a embaixada paraguaia em Israel para Jerusalém (o atual governo transferiu a embaixada de Jerusalém para Tel Aviv em 2018, decisão que causou um gigantesco mal-estar com o governo israelense).
Peña derrotou neste pleito o ex-ministro de Obras Públicas e das Comunicações do Paraguai, Pedro Efraín Alegre Sasiain, de 60 anos. Alegre, apesar de ser de um partido com a mesma linha do partido Colorado (“Partido Liberal Radical Autêntico”), por ser um candidato viável, havia recebido o apoio dos partidos de esquerda e centro-esquerda do país.
O candidato derrotado Efraín Alegre, durante a campanha, questionou publicamente as relações do Paraguai com Taiwan, indicando que retiraria o apoio formal à independência da ilha que a China reconhece como parte de seu território.
Durante a campanha, os dois principais candidatos diziam publicamente ser contrários ao aborto (embora o vencedor já tenha se posicionado favorável à liberação do procedimento com algumas regras).
O novo presidente precisará lidar com diversos problemas locais, que vão de uma grande seca (país tem uma economia dependente do campo), novos e grandes problemas econômicos que surgiram depois da Covid, a grande e conhecida evasão fiscal do Paraguai, o combate à informalidade (quase 70% dos paraguaios trabalham na informalidade), e o problema das drogas, que agora estão sendo escoadas por novas rotas e criando problemas com os grupos criminosos (incluindo a maior facção criminosa do Brasil) que disputam territórios e brigam com as (poucas) autoridades que não fazem parte dos esquemas. O Paraguai é um dos maiores produtores de maconha do mundo e mais de 80% de sua produção nacional passa pelo Brasil.
(Em atualização)