CARACAS, 13 de agosto — O chanceler informal brasileiro Celso Amorim, que oficialmente atua como assessor internacional da Presidência, sugeriu ao presidente Lula, durante uma conversa sobre a situação venezuelana, que o Brasil apoie a realização de uma nova “eleição” na Venezuela, ideia que é categoricamente rejeitada tanto pelo regime local, que precisaria admitir que mentiu e não consegue provar que venceu as últimas “eleições” presidenciais, quanto pela oposição, que não vê motivos para dar a Maduro a chance de encontrar uma nova forma de fraudar o pleito.
O Brasil ainda não admite oficialmente essa ideia e continua pedindo publicamente que o regime de Maduro divulgue as atas de votação prometidas ao governo brasileiro durante uma reunião entre Maduro e Celso Amorim, cujo prazo pedido expirou há 12 dias.
Não é a primeira vez que uma nova “eleição” na Venezuela ganha destaque na mídia em relação às posições do governo brasileiro. Na semana passada, Lula mencionou publicamente a possibilidade de propor uma nova “eleição” na Venezuela durante uma reunião ministerial.
Questionado sobre a conversa com Lula, em entrevista ao jornal Valor Econômico, Amorim disse que a ideia seria “embrionária” e que envolveria uma contrapartida de remoção de sanções.
Enquanto o governo brasileiro discute se pede por novas “eleições” na Venezuela, de acordo com números do próprio regime que não são atualizados há 7 dias, ao menos 2.229 manifestantes já foram presos desde o dia das últimas “eleições” presidenciais.
Oficialmente ainda existem 14 jornalistas presos, quatro deles acusados formalmente de “terrorismo”. Segundo Diosdado Cabello (tem um programa na TV estatal local), um dos maiores narcotraficantes da América do Sul e atualmente o braço direito de Maduro (líder da milícia armada do regime, os “Colectivos”), os jornalistas presos seriam “agentes da CIA” que “deveriam tomar cuidado ao andar sozinhos por aí”.
As manifestações estão sendo controladas por uma forte presença da polícia local, por uma presença média (muitos nao estão participando) das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, e pela milícia armada de Maduro, os Colectivos.
Ainda não existem registros de comunicações diretas ou telefonemas entre Lula e Maduro depois das “eleições” venezuelanas. Em Brasília, dizem que Lula tem recusado todas as ligações e se comunicado apenas com a utilização de emissários, como seu chanceler informal Celso Amorim.
De acordo com 83,5% as atas de votação (total dos documentos oficiais que foram obtidos até o momento) que não são reconhecidas pelo Brasil e que foram publicadas em um sistema pela oposição no dia seguinte da “eleição”, a oposição venezuelana teria vencido o “pleito” com cerca de 67% dos votos (ao menos 7.303.482 votos).
Link do sistema: https://resultadospresidencialesvenezuela2024.com
A posição do Brasil, que hoje é sempre apresentada por Celso Amorim, há muitos anos se baseia em dados colhidos pelo conhecido Centro Carter, que obteve autorização do regime venezuelano para atuar como observadores internacionais no país.
Nestas “eleições”, a Organização disse oficialmente que “a eleição presidencial da Venezuela de 2024 não se adequou a parâmetros e padrões internacionais de integridade eleitoral e não pode ser considerada democrática”.
Há 6 dias, a Organização também declarou publicamente que não há evidências de ataque cibernético ao sistema eleitoral venezuelano, que é a justificativa que vem sendo utilizada por Maduro e seus oficiais para a não entrega das atas eleitorais.
(Matéria em atualização)