ROMA, 11 de março — O Papa Francisco se manifestou mais uma vez ontem, publicamente, em entrevista à jornalista Elisabetta Piqué, do jornal argentino La Nación, contra a chamada ‘ideologia de gênero’ e disse que o assunto é uma das “colonizações ideológicas mais perigosas”.
Não é a primeira vez que o pontífice fala sobre o assunto*
Em 2016, em uma de suas falas mais famosas sobre o tema, Francisco criticou as escolas que ensinavam às crianças que o sexo poderia ser escolhido; “Hoje, as crianças — crianças! — aprendem na escola que todos podem escolher seu sexo. Por que eles estão ensinando isso? Porque os livros são fornecidos pelas pessoas e instituições que lhe dão dinheiro. Essas formas de colonização ideológica também são apoiadas por países influentes. E isso é terrível!”.
“A ideologia de gênero, hoje, é uma das colonizações ideológicas mais perigosas […] Por que é perigosa? Porque confunde as diferenças e o valor do homem e da mulher […] eles não distinguem o que é respeito pela diversidade sexual, preferências sexuais diversas, do que já é uma antropologia de gênero, o que é extremamente perigoso porque elimina as diferenças, e que apaga a humanidade, a riqueza da humanidade, tanto pessoal, cultural e social, o diversidades e as tensões entre as diferenças” […] Toda a humanidade é a tensão das diferenças. É crescer na tensão das diferenças. A questão de gênero está diluindo as diferenças e tornando o mundo igual, tudo sem graça, tudo igual, e isso vai contra a vocação humana.” –Papa Francisco, em entrevista concedida ontem ao argentino La Nación
Segundo Francisco, existe uma distinção “entre o que é cuidado pastoral para pessoas que têm uma orientação sexual diferente e o que é ideologia de gênero”; “São duas coisas diferentes”.
Quando a jornalista argentina perguntou ao Pontífice se ele sabia que em seu país de origem se pede às pessoas que elas indiquem se são do gênero masculino, feminino ou não-binário em documentos oficiais, o Francisco respondeu que essa situação o razia lembrar do livro futurista “O Senhor dos World” (1907), de Monsenhor Robert Hugh Benson. Segundo ele, o romance mostra “um futuro em que as diferenças estão desaparecendo e tudo é igual, tudo é uniforme, um único líder de todo o mundo”.
Assuntos como a invasão russa na Ucrânia e sobre os seus dez anos no posto de Papa também foram discutidos na entrevista.
Francisco disse que após os 10 anos de Papado, está “feliz” pelo seu legado; “linha pastoral do perdão e da compreensão do povo, para abrir espaço na Igreja para todos”.
Na entrevista, embora tenha negado que estaria escrevendo uma nova encíclica no momento e dito que nem pensou em escrever um documento sobre o assunto “gênero”, Francisco disse que prefere falar sobre o tema “porque algumas pessoas são um pouco ingênuas e acreditam que este é o caminho para o progresso”.
No Vaticano, durante o seu Papado, Francisco já chegou a dizer que Deus ama todos como são e pediu aos católicos que façam mais para acolher as pessoas da comunidade LGBTQ na igreja, apesar de reconhecer que isso ainda seria um “pecado”, e também os encorajou a apoiar leis que que não criminalizem os homossexuais (ao falar sobre regimes que punem ou até executam homossexuais)*
(em atualização)