Em evento no Rio, Lula volta a chamar a guerra de Israel contra o grupo terrorista Hamas de “genocídio”; “não está morrendo soldado, está morrendo mulheres e crianças dentro de hospital”

Presidente Lula durante o discurso desta noite | Imagem por CanalGov (EBC)

RIO DE JANEIRO, 23 de fevereiro — O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de lançamento do edital da Petrobras Cultural, no Museu de Arte Moderna do Rio, projeto que estabelece o patrocínio de projetos culturais no Brasil no valor de R$ 250 milhões (maior valor já destinado pela estatal para a área), voltou a sair do script e repetiu seu discurso, citando dados do Hamas, dizendo que Israel está cometendo “genocídio” na guerra contra o grupo terrorista em Gaza.

“Eu quero dizer para vocês que eu não troco a minha dignidade pela falsidade. E quero dizer para vocês que eu sou favorável à criação do Estado palestino livre e soberano. Que possa, esse Estado palestino, viver em harmonia com Israel. E quero dizer mais: o que o governo de Israel está fazendo contra o povo palestino não é guerra, é genocídio, porque está matando mulheres e crianças! Não tentem interpretar a entrevista que dei na Etiópia, leiam a entrevista. Leia a entrevista em vez de ficar me julgando pelo que disse o primeiro-ministro de Israel. O que está acontecendo em Israel é um genocídio. São milhares de crianças mortas, milhares desaparecidas. E não está morrendo soldado, está morrendo mulheres e crianças dentro de hospital. Se isso não é genocídio, eu não sei o que é genocídio” -presidente Lula

No último domingo (18), durante um discurso na Etiópia, o presidente Lula virou notícia no mundo inteiro responder questionamentos sobre o regime venezuelano ter expulsado o órgão de direitos humanos da ONU da Venezuela, sobre o financiamento brasileiro da UNRWA (Agência da ONU de Assistência aos Refugiados da Palestina), órgão que vem perdendo ajuda de vários países por conta da ligação de vários de seus funcionários com o grupo terrorista Hamas, e sobre a morte do principal opositor russo Alexei Navalny, que de acordo com o regime russo teve uma “morte súbita” no último dia 16/02 enquanto tomava seu banho de sol em um presídio isolado na Sibéria à uma temperatura de -20°C.

A questão mais polêmica ficou por conta da parte que envolveu Israel, por conta de Lula ter comparado, citando números exclusivamente do Hamas, o país à Hitler.

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio […] Olha, se teve algum erro nessa instituição que recolhe o dinheiro, apura-se quem errou, mas não suspenda a ajuda humanitária […] O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus-presidente Lula

O discurso gerou uma enorme repercussão e o próprio governo israelense chegou a responder o mandatário brasileiro exigindo um pedido de desculpas e declarando Lula “persona non grata” em Israel (deixa de ser bem-vindo ao país e sua visita é oficialmente considerada indesejável).

Um dia depois da fala polêmica, dobrando a aposta no conflito diplomático com Israel, o governo brasileiro, que se sentiu ofendido com o nível da resposta israelense, chamou de volta seu embaixador em Tel Aviv Frederico Meyer para consultas.

retorno de Meyer ao Brasil representa na diplomacia uma medida excepcional que simboliza desconforto e descontentamento nas relações entre os países (agravamento da situação).

Desde então, o Chanceler israelense vem fazendo postagens diariamente cobrando Lula por um pedido de desculpas e tecendo críticas por conta do comentário que sequer foi retratado pelo governo.

A postagem do Chanceler Israel Katz que mais chamou atenção até agora foi de um vídeo, em português, com os relatos de uma brasileira que sobreviveu ao ataque do grupo terrorista do Hamas no 7 de outubro.

A brasileira que aparece no vídeo, Rafaela Treistman, era namorada de um dos três brasileiros (Ranani Nidejelski Glazer, 24) que foram mortos pelo Hamas no evento musical que estava sendo realizado na fronteira com Gaza e que acabou com mais de 300 mortos.

Homenagem feita por Rafaela ao namorado brasileiro Ranani morto pelo grupo terrorista Hamas | REPRODUÇÃO/Instagram

Os outros brasileiros que foram mortos neste evento são Karla Stelzer Mendes (42) e Bruna Valeanu (24).

Bruna, que só tinha irmã e mãe no país, foi homenageada em seu velório por milhares de desconhecidos israelenses que se sentiram comovidos com a sua morte. Os moradores locais fizeram uma fila de 2km na porta do cemitério para prestar suas últimas homenagens à brasileira, entre eles, o próprio atual porta-voz do governo israelense Eylon Levy, que viralizou no Brasil ao narrar e registrar o congestionamento para chegar o local.

Hoje mais cedo, o Chanceler israelense chegou a marcar Lula em uma postagem em um perfil oficial do governo de Israel com os dizeres: “Não deixaremos ninguém separar os nossos povos – nem mesmo você, @LulaOficial”.

Apesar da pressão política, não é esperado que Lula peça desculpas pelo comentário que comparou Israel à Hitler.

Na terça-feira (20), ao entrar no assunto durante a abertura de uma sessão deliberativa no Senado Federal, o presidente do Senado (presidente do Congresso Nacional) Rodrigo Pacheco emitiu a posição oficial da Casa legislativa dizendo que “uma fala inapropriada e equivocada não representa o verdadeiro propósito do presidente da República Federativa do Brasil Luis Inácio Lula da Silva” e que “é fundamental que haja uma retratação.

A outra pressão política vem de um pedido de impeachment que foi apresentado oficialmente hoje com as assinaturas de 139 parlamentares. De acordo com a deputada Carla Zambelli, a lista terá mais quatro assinaturas até a próxima segunda-feira (26).

O pedido depende exclusivamente do apoio de Arthur Lira, que hoje é base do governo Lula e está atualmente fazendo pressão para conseguir emplacar mais um ministro próximo, desta vez na pasta da Saúde, ou conseguir um apoio formal para eleger um sucessor na Presidência da Câmara (a briga está entre os deputados Elmar Nascimento e Marcos Pereira).


(Matéria em atualização)

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