BRASÍLIA, 28 de agosto — Em visita ao Brasil que foi interpretada como política, o ministro da Economia argentino Sergio Massa, que disputa a cadeira presidencial da Casa Rosada como candidato governista nas eleições que acontecerão no próximo dia 22/10, anunciou há pouco no Palácio do Planalto, ao lado do ministro da Fazenda Fernando Haddad, após reunião com o presidente Lula, que Brasil e Argentina teriam firmado um acordo no valor de US$ 600 milhões para financiar exportações brasileiras para o país; de acordo com Sergio Massa, o mecanismo que será utilizado envolverá uma cooperação entre o Banco do Brasil, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e a CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe) – ainda pende a aceitação da CAF sobre este acordo.
“O Banco do Brasil vai garantir as exportações brasileiras, o CAF vai garantir o Banco do Brasil. Como disse o ministro, quando você exporta autopeças para a Argentina, você garante divisas para a Argentina. Foi uma maneira que a CAF encontrou para restabelecer o fluxo comercial sem a Argentina abrir mão de reservas em yuan […] essa é uma operação nova, mas que vem ao encontro do interesse do Brasil e da Argentina porque restabelece o fluxo de comércio bilateral” -Fernando Haddad
Segundo o ministro Haddad, para afastar o medo de calote dos exportadores brasileiros, estes venderão para a Argentina, serão pagos pelo Banco do Brasil, que receberá garantia da CAF de um pagamento argentino em Yuan (moeda chinesa).
A conversão da moeda chinesa para reais aconteceria em Londres pelo próprio Banco do Brasil.
Uma reunião com o banco CAF será realizada em 14 de setembro para a assinatura dos documentos pertinentes (formalização de aceitação da proposta).
Haddad também disse que o governo manterá a posição de garantir US$ 600 milhões à Argentina mesmo que a CAF negue a proposta.
Ainda não se sabe os detalhes sobre a linha de financiamento brasileira, mas da última vez que o presidente argentino visitou o Brasil, de acordo com o que foi conversado, o acordo financiaria até a compra de 161 blindados brasileiros (Guarani 6×6).
De acordo com o que foi dito hoje, o valor será destinado principalmente ao setor automobilístico e alimentício.
A Argentina, que vive uma das mais duras crises econômicas de sua história, com uma inflação que deve superar os 140% neste ano, além de estar passando por uma seca histórica, está contando com uma linha de crédito “abrangente” brasileira e com acordos com a China para tentar estabilizar sua situação.
O último encontro entre Massa e Lula havia acontecido em julho, em Puerto Iguazú, antes da Cúpula do Mercosul.
(Em atualização)