ISTANBUL, 23 de outubro — Após mais de um ano desde o pedido oficial de adesão da Suécia à OTAN, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan assinou nesta tarde, como prometido em 10 de julho (já contando com o intervalo do recesso de verão no Parlamento turco), o protocolo de adesão do país ao Tratado de defesa; apenas Hungria e Turquia ainda não aprovaram oficialmente a entrada da Suécia no grupo (a adesão depende da aprovação de todos os 31 membros).
É esperado que a Hungria ratifique a entrada da Suécia na OTAN antes mesmo da Turquia (o país não tem qualquer poder de barganha e assim como fez com no caso da adesão da Finlândia, por questões de política interna, deixou para assinar a ratificação alguns dias antes do Parlamento turco) e que a Suécia se torne um membro pleno do grupo em breve.
Entre os pedidos que a Turquia fez pela ratificação da entrada da Suécia na OTAN estão a extradição de inúmeras pessoas que o país considera “terroristas” (membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão/PKK), o avanço nas negociações para a aprovação da compra de caças americanos F-16 e a modernização dos F-16 que a Força Aérea turca já possui (acordo de US$ 20 bilhões), e um movimento de apoio de países europeus no retorno das negociações pela entrada da Turquia na União Europeia (negociações que foram congeladas de forma oficial em 2016 e que hoje já duram 50 anos).
O acordo dos caças também envolverá a proibição da utilização dos caças nas brigas constantes do país com a Grécia (outro membro da OTAN)*
Um assunto pouco falado e que provavelmente está sendo discutido é a questão do embargo de armas canadense imposto em 2021 contra a Turquia por conta da participação direta do país na guerra entre Azerbaijão e Armênia, em Nagorno-Karabakh. As câmeras utilizadas nos principais drones turcos eram de origem canadense e a falta do equipamento diminuiu muito a qualidade dos produtos (eram quase perfeitos e estavam no topo do mercado). Dificilmente esse assunto ficaria de fora das concessões à Turquia (as conversas foram retomadas em julho deste ano).
Finlândia e Suécia formalizaram seus pedidos de entrada na OTAN em 18/05/2022, porém apenas o pedido da Finlândia teve prosseguimento e foi concluído no último dia 04 de maio.
A Turquia também foi o último país a ratificar a entrada da Finlândia no grupo. Entre o envio ao Parlamento turco e a ratificação de entrada da Finlândia na OTAN, foram apenas 13 dias (mesmo processo que teve início hoje).
Apesar da confusão criada pelo discurso da Rússia não permitir membros da OTAN em sua vizinhança, Estônia e Letônia, que fazem fronteira com a Rússia, são membros da OTAN desde 2004 e não tinham uma relação ruim com o país antes da nova incursão russa na Ucrânia de fevereiro de 2022.
A Finlândia, que agora é um membro pleno na OTAN, tem a maior fronteira da União Europeia com a Rússia, e suas fronteiras estão vazias militarmente como nunca estiveram antes (incluindo batalhões conhecidos que lutaram na última guerra contra a Finlândia). Um pequeno movimento na região foi registrado há alguns meses por conta de um treinamento (e gravação de material de propaganda local), mas a fronteira já está novamente vazia.
(Em atualização)