Estatal norte-coreana diz que “mais de 800.000 jovens” se alistaram “voluntariamente” depois do último teste de míssil balístico intercontinental realizado pelo país

Jovens se alistando para o serviço militar norte-coreano | Imagem da estatal Rodong Sinmun (PD)/Divulgação

PYONGYANG, 19 de março — Em um movimento que foi visto como propaganda interna, o jornal estatal norte-coreano Rodong Sinmun publicou que “mais de 800 mil jovens” teriam se alistando voluntariamente no serviço militar do país um dia após o último teste com um míssil balístico intercontinental realizado no dia 15/03 (16/03 seguindo o horário local).

O país inteiro ficou furioso com crescente hostilidade contra os partidários de Cheolcheon […] Os movimentos dos imperialistas e fantoches dos EUA para provocar a guerra nuclear, que estão violando agressivamente a soberania e os interesses de segurança de nosso Estado, estão sendo executados na maior extensão da história em termos de agressão e escala, estão atingindo o limite que não pode mais ser tolerado […] As jovens vanguardas de sangue quente, fortes com sua vontade indomável contra o inimigo e o assentamento antiamericano de nosso Partido, levantaram-se imediatamente na guerra para defender o país e destruir o inimigo […] De acordo com dados abrangentes, somente no dia 17, mais de 800.000 oficiais da Liga da Juventude e jovens estudantes em todo o país solicitaram fervorosamente o alistamento no Exército Popular […] O zelo dos jovens pelo serviço militar, que arde como uma chama em Ryowon, apaga impiedosamente os fanáticos da guerra que estão fazendo suas últimas tentativas de destruir nosso precioso país socialista e alcança a grande causa da reunificação nacional sem falha […] Jovens e estudantes em Pyongyang e em todo o país que decidiram vestir o uniforme militar revolucionário, realizaram reuniões de petição e pregaram a vontade aniquiladora de exterminar todos os maníacos da guerra vagando como borboletas na petição de alistamento no Exército Popular e alistamento em serviço militar […] Em universidades de todo o país, como na Universidade Kim Il-sung, Universidade Kim Chaek de Tecnologia, Universidade Hamheung de Tecnologia Química e Universidade Nampo, inúmeros estudantes e jovens como os vencedores da grande era que trouxeram glória e fama imortais para nosso país, nossa ideologia, sistema e amor. Estamos determinados a defender firmemente nosso país […] Esta é a marcha ardente dos 5 milhões de jovens vanguardas deste país para acabar com os imperialistas dos EUA e os traidores fantoches que estão tentando invadir o direito à soberania, sobrevivência e desenvolvimento de nossa República, mantendo firmemente as armas de Baekdusan e se tornando uma orgulhosa geração unificada. O número de peticionários para o alistamento no Exército Popular e para o bem-estar continua aumentando em todas as partes do país” –jornal estatal norte-coreano Rodong Sinmun

Disparo realizado no último dia 15/03 (míssil balístico intercontinental Hwasong-17) – KCTV

Como a idade dos “mais de 800.000 jovens” que teriam se alistando “voluntariamente” depois do último disparo de míssil balístico intercontinental do país não foi revelada, é possível que a peça midiática local seja apenas um número inflado e parte do alistamento (“recrutamento”) obrigatório do país.

De acordo com a lei local (“sistema de recrutamento” obrigatório), homens precisam servir por ao menos 10 anos e mulheres precisam servir por ao menos 3 anos nas Forças militares norte-coreanas.

Esse padrão de comunicação que soa como uma preparação para o conflito e claro estímulo de sentimento contrário ao Ocidente era comum antes de 2018, e aparentemente retornou de fato no ano passado.

Em junho de 2022, o regime local voltou a fixar pôsteres e cartazes de propaganda pela capital norte-americana Pyongyang (alguns deles até mostravam imagens de ataques com mísseis contra a capital americana Washington DC).

Edição seguinte: Um dia após (ontem) o jornal estatal local noticiar os “mais de 800.000 jovens” que se alistaram “voluntariamente” no serviço militar em 24 horas, um grande editorial de capa deste mesmo jornal pediu que os cidadãos norte-coreanos continuem “enfrentando as dificuldades” e “perseguindo os objetivos” de construção e agricultura do Partido (Partido dos Trabalhadores da Coreia), enquanto o regime constrói armas nucleares para destruir “os inimigos”.

Enquanto isso: Estados Unidos e Coreia do azul realizam neste momento exercício anual chamado de “Escudo da Liberdade” (exercício de 11 dias).

Desde o início dos exercícios, o país já realizou três testes de mísseis; um deles aconteceu no dia 13/03 e envolveu 2 mísseis de alcance intermediário (antes classificados como “de curto alcance”), e os outros dois envolveram um míssil balístico intercontinental Hwasong-17 e um míssil balístico de curto alcance.

Poucos minutos antes do início do exercício, o país realizou um teste inédito de dois “mísseis de cruzeiro estratégicos” disparados por submarinos.


Ameaça norte-coreana: 12 dias atrás, a Coreia do Norte, em uma mensagem atribuída à irmã do ditador norte-coreano Kim Jong-un, Kim Yo-jong, publicada pela estatal de mídia KCNA, disse que qualquer tentativa dos Estados Unidos (e aliados) de abater um míssil dos vários testes que o país realiza quase que semanalmente, será encarada como uma declaração formal de guerra.

Ela ainda disse que o país poderá testar mísseis no Oceano Pacífico; “O Oceano Pacífico não pertence ao domínio dos EUA ou do Japão”.

Enquanto disparos no Oceano Pacífico são vistos como uma possibilidade real da Coreia do Norte de aprimorar seus mísseis, não é possível saber qual seria a reação dos países vizinhos ou até dos Estados Unidos se um projétil, por exemplo, passasse pelo território americano de Guam.

Os Estados Unidos e aliados nunca abateram um míssil norte-coreano de teste, porém um dos testes, que aconteceu no dia 3 de outubro do ano passado, envolveu um míssil de alcance médio (IRBM) Hwasong-12 que sobrevoou o Japão e disparou inúmeros alertas. Não é possível prever qual será a reação do Japão (e de seus aliados) no caso de outro míssil acabar sobrevoando o país.

Em um outro teste de mísseis que foi realizado em março de 2022, um dos projéteis (que voou por ~70 minutos) chegou a ser acompanhado, em seu trajeto final, por um caça F-15 japonês (previsão de trajeto através do cálculo de rota).

Coreia do Sul e Estados Unidos esperavam que o país realizasse um teste nuclear até o fim do ano passado (preparação visível por imagens de satélite), porém o teste nuclear ainda não teria acontecido por pressão chinesa (a China -surpreendentemente- votou a favor de um projeto de resolução da ONU condenando os últimos 6 testes nucleares norte-coreanos).

Os últimos testes nucleares norte-coreanos aconteceram em 2006, 2009, 2013, duas vezes em 2016 e em 2017.

Como o local de testes nucleares já foi preparado desde o ano passado, não pode ser descartada a hipótese do regime realizar o sétimo teste nuclear do país durante os exercícios que começaram no dia 12/03.


(em atualização)

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