Ex-presidente peruano Alejandro Toledo se entrega às autoridades americanas e será extraditado; político é acusado pelo Peru de receber mais de US$ 25 milhões da Odebrecht

Ex-presidentes peruanos Alejandro Toledo e Alan García (se matou para não ser preso por também receber propina da construtora brasileira Odebrecht) | Imagem por Presidencia Perú

CALIFÓRNIA, 21 de abril — O ex-presidente peruano Alejandro Toledo (2001~2006), que é procurado no Peru acusado de corrupção com a empresa Odebrecht (comum no país), foi novamente detido nos Estados Unidos após ter um recurso contra a sua extradição negado e se entregar às autoridades locais; Alejandro Toledo é acusado de receber mais de US$25 milhões em troca de ajuda na obtenção de contratos de obras públicas no país.

Toledo havia sido preso em julho de 2019 após um pedido de extradição do governo peruano, porém foi liberado sob fiança em 2020 e vivia na Califórnia (Menlo Park) desde então.

Ontem, um juiz federal em Washington negou o pedido do ex-presidente Toledo para impedir seu processo de extradição.

Após a decisão, o ex-presidente se entregou ao Tribunal Federal em San José, na Califórnia.

Assim como no Brasil, a construtora Odebrecht produziu longas planilhas com nomes de políticos peruanos.

Este é o quarto presidente do Peru que é acusado de participar de esquemas com a construtora brasileira:

Em 17 de abril de 2019, o também ex-presidente Alan García (1985~1990, 2006~2011) se matou com um tiro na cabeça ao ver a polícia na porta de sua casa, em Lima, Peru, para prendê-lo pelos crimes de financiamento irregular de campanha, lavagem de dinheiro e tráfico de influência.

O ex-presidente Ollanta Humala (2011~2016) e sua esposa Nadine Heredia foram presos em julho de 2017 e estão neste momento sendo julgados (julgamento que teve início em fevereiro de 2022) por lavagem de dinheiro, corrupção e financiamento irregular de campanha. O depoimento de ex-executivos da Odebrecht no caso de Humala foi marcado para setembro, e contará com a participação da popular figura em Brasília Jorge Barata, além de outros dez ex-funcionários.

Marcelo Odebrecht também está na lista de acusados formais no caso do ex-presidente Humala (citado em todos os outros casos)*

O também ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski (2016~2018) renunciou ao seu cargo em março de 2018, foi preso preventivamente, depois passou para a prisão domiciliar (idade e problemas de saúde), e depois foi liberado “com restrições” em abril do ano passado.

Em 2017, Kuczynski concedeu liberdade humanitária ao ex-ditador local Alberto Fujimori.

Pedro Pablo Kuczynski é acusado dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, alem de aparecer em vídeos que mostram a compra de votos de seus aliados em troca de obras.

Em dezembro de 2017, a Odebrecht confirmou que pagou mais de US$ 782,2 mil à consultora Westfield Capital, propriedade de Kuczynski, por assessorias realizadas entre 2004 e 2007.

No mesmo mês em que foi revelado o esquema, o Congresso do país votou um proposta de impeachment do ex-presidente Kuczynski, que saiu ileso.

A lista de políticos acusados e presos no país por relações ilegais com a Odebrecht também inclui a política de oposição Keiko Fujimori e a ex-prefeita de Lima, Susana Villarán.

Keiko Fujimori ficou 3 meses presa acusada de receber US$1,2 milhão da Odebrecht como financiamento ilegal de campanha.

A filha do ex-ditador local e candidata à presidência na última eleição presidencial peruana (mesmo sem ter qualquer ligação com pautas de direita, assumiu o personagem e disputou o pleito como “conservadora”, justamente para se contrapor ao candidato socialista), conseguiu um recurso no tribunal de apelações após pagamento de US$200 mil e deixou a prisão.

Outra grande figura política do Peru que foi presa em um escândalo de corrupção com a Odebrecht foi a ex-prefeito de Lima, Susana Villarán.

Villarán, nome que seria lançado ao posto de candidata à Presidência do país, foi presa em 14/05/2019 acusada de corrupção, suborno, conspiração, financiamento ilegal de campanha e lavagem de dinheiro em conexão com esquemas que envolviam a OAS (de Léo Pinheiro, que chegou até a participar de eventos oficiais no país) e a Odebrecht.

No final de agosto de 2022, o procurador-geral geral local pediu que ela fosse condenada a 29 anos de prisão.

“O Ministério Público solicitou que a senhora Villarán fosse condenada a 29 anos de prisão pela suposta formação de uma organização criminosa que recebeu mais de US$ 10 milhões em contribuições ilegais das construtoras Odebrecht e OAS” –Ministério Púbico peruano/FiscaliaPeru (25/08/2022)

O processo de extradição do ex-presidente Alejandro Toledo pode ser concluído em menos de uma semana.

Toledo também responderá por tráfico de influência, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

Relevante: De acordo com o site oficial, o brasileiro BNDES injetou mais de US$ 11 bilhões em projetos de engenharia no exterior entre os anos de 1998 e 2017. Cerca de 75% desse montante foi destinado a projetos que beneficiaram a construtora brasileira Odebrecht.


(Em atualização)

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