Há 93 dias das eleições presidenciais, Maduro inabilita politicamente mais cinco opositores regionais

CARACAS, 26 de abril — A Controladoria-Geral da Venezuela anunciou a inabilitação política de mais cinco opositores do regime venezuelano que disputariam importantes cargos regionais contra candidatos do ditador Nicolás Maduro nas próximas “eleições” regionais venezuelanas que deverão acontecer em 2025, após o próximo pleito presidencial que foi marcado para acontecer no próximo dia 28 de julho, data do aniversário do falecido ex-ditador venezuelano Hugo Chávez.

Todos os novos inabilitados são aliados do -duas vezes- ex-candidato à presidência e também inabilitado (2017) Henrique Capriles.

Os ex-deputados Tomás Guanipa e Carlos Ocariz, e os prefeitos de El Hatillo, Elías Sayegh, e de Los Salias, José Antonio Fernández López, ficarão inabilitados politicamente por 15 anos.

O ex-parlamentar Juan Carlos Caldeira ficará inabilitado por 12 meses (prorrogável, assim como aconteceu com a atual líder da oposição em 2015).

As inabilitações, que foram divulgadas ontem pela Controladoria-Geral, estavam assinadas e lançadas no sistema do regime desde o dia 16/04/2024.

A medida segue o padrão de inabilitação política que é utilizada há muito tempo no país para não perder o controle das “eleições” locais.

A principal opositora do país, Corina Machado, que foi quem venceu as primárias na Venezuela por uma larga vantagem, também se encontra nesta mesma situação de não poder registrar sua candidatura.

A inabilitação de Corina foi um dos assuntos mais comentados da região e gerou várias condenações por presidentes de países vizinhos.

Um outro motivo que gerou uma forte onda de condenações dos governos da região foi a recente (09/02) prisão da ativista de direitos humanos Rocío San Miguel, conhecida opositora de Maduro, enquanto ela estava em um aeroporto venezuelano pronta para viajar com a família.

De acordo com o procurador-geral do regime venezuelano TarekWilliam Saab, a ordem de prisão contra Rocío se justifica por ela “supostamente estar ligada e referenciada na trama conspiratória e de tentativa de assassinato denominada ‘Pulseira Branca’, cujo objetivo era atentar contra a vida do Chefe de Estado Nicolás Maduro e outros altos funcionários; bem como o ataque a várias unidades militares em San Cristóbal (Táchira) e outras entidades do país.”.

prisão de Rocío em um presídio conhecido por ser um centro de tortura do regime venezuelano (El Helicoide) gerou críticas até do órgão de direitos humanos da ONU que ficava no país até então. As críticas foram respondidas por Maduro com a expulsão de todos os funcionários do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos que estavam país desde 2019.

Hoje, a oposição venezuelana se reúne atrás do diplomata Edmundo González Urrutia (74), que foi o único candidato de oposição que conseguiu registrar sua candidatura para o próximo pleito venezuelano.

Outros 11 candidatos – ligados ao regime venezuelano – participarão na eleição contra Maduro.

De acordo com as últimas falas públicas de oficiais do regime, não é descartado o cenário da impugnação da candidatura de Edmundo, que está sendo um representante dos candidatos já inabilitados.

A primeira representante dos inabilitados, Corina Yoris (80), que não tinha envolvimento político ou qualquer impugnação contra o seu nome, sequer foi possibilitada de registrar sua candidatura.

Relevante: No fim de março, Maduro, após classificar como “covarde” a esquerda política sul-americana que começou a criticá-lo de forma leve, o ditador chamou o partido da oposição venezuelana Vente Venezuela, da opositora Corina Machado, de “movimento terrorista”.


HISTÓRIA DA INABILITAÇÃO DE CORINA MACHADO (PRINCIPAL OPOSITORA NO PAÍS): Em fevereiro de 2014Corina, então deputada, foi uma das maiores líderes das grandes manifestações contrárias ao regime venezuelano que foram registradas na Venezuela.

Seu mandato na Assembleia Nacional venezuelana, que na época era comandada por Diosdado Cabelloum dos maiores narcotraficantes da América do Sul, hoje um dos ‘braços direitos’ de Maduro e líder da milícia armada do regime, os “Colectivos”, foi cassado cerca de um mês depois.

Em 2015, com o argumento de que Corina não havia declarado patrimônios que havia recebido (o que foi negado por ela), a Controladoria-Geral venezuelana condenou a opositora a não exercer cargos públicos por 12 meses e a proibiu de deixar o país.

Post da TV estatal venezuelana anunciando a punição por “12 meses” (post de 2015)

Em teoria, Corina já estava liberada para concorrer às eleições venezuelanas, porém a Corregedoria-Geral local decidiu em julho do ano passado, após um pedido de revisão de um deputado aliado do regime, que por ela ter apoiado as sanções dos Estados Unidos contra o ditador Maduro, a punição receberia uma “extensão” de 15 anos, contando da data da decisão.

Desde então, Corina aguardava um recurso no Supremo venezuelano, que poderia reformar a decisão por conta de um acordo entre oposição e regime que foi firmado na Noruega (acordo não cumprido).

Corina, uma “católica ferrenha”, é conhecida localmente como “dama de ferro” e sempre representou a ala mais contrária aos chavistas, rejeitando qualquer tipo de acordo e sendo opositora e crítica até do antigo governo paralelo de Juan Guaidó.


(Matéria em atualização)

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