TEL AVIV, 2 de março — O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Lior Haiat, publicou hoje em suas redes sociais uma nota condenando a liberação concedida pelo governo brasileiro e autorizada pela Marinha para que navios de guerra iranianos atracassem no Brasil sob o pretexto de “ampliação da presença geopolítica iraniana no Oceano Atlântico”; a nota chamou a autorização de “perigosa e lamentável”.
Argentina, Chile e Uruguai rejeitaram pedidos do regime iraniano para que estes mesmos navios atracassem em seus portos*
“Israel vê a atracação de navios de guerra iranianos no Brasil há alguns dias, como um desenvolvimento perigoso e lamentável. Esses navios foram especificamente sancionados pelos Estados Unidos há apenas algumas semanas e fazem parte da Marinha iraniana, que trabalha em estreita colaboração e sincroniza suas ações com a IRGC NAVY (Marinha da Guarda Revolucionária Islâmica – grupo paramilitar que trabalha sob o comando direto do líder supremo Ayatollah Khamenei e que está em processo de ser designada como “terrorista” por vários países), uma entidade designada [terrorista].
O Brasil não deve conceder nenhum prêmio a um Estado maligno, responsável por inúmeras violações dos Direitos Humanos contra seus próprios cidadãos, executando ataques terroristas em todo o mundo e distribuindo armamento para organizações terroristas em todo o Oriente Médio.
O regime iraniano executou dezenas de ataques terroristas contra navios, colocando em perigo a liberdade de navegação marítima. Dois dos ataques ocorreram nas últimas semanas. Este é o momento de seguir os passos dados pela União Europeia, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e muitos outros países, e destacar o regime iraniano como o que realmente é: uma entidade terrorista. Ainda não é tarde para ordenar aos navios que saiam do porto.” –nota oficial divulgada pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Lior Haiat
Os navios, uma fragata classe Moudge (IRIS Dena), de 95 metros (~312 pés) e 1.500 toneladas, equipada com um canhão principal Fajr-27 de 76 mm, metralhadoras pesadas, mísseis antinavio, lançadores de torpedos, lançadores de drones e um deck de pouso para helicópteros, e um navio petroleiro de 228 metros que foi convertido em navio-base de logística (IRIS Makran), equipado com uma grande plataforma de pouso e equipamentos para processamento de dados (base tecnológica), que chegaram no Rio de Janeiro no dia 27 de fevereiro, foram autorizados a ficar no país até o dia 4 de março.
Em janeiro, quando os dois navios chegaram em águas brasileiras, ambos foram acompanhados por uma aeronave militar americana. Na época, mesmo com a autorização da Marinha, o governo federal suspendeu o atracamento dos navios temendo uma retaliação de Washington às vesperas da visita do do presidente Lula ao presidente americano Joe Biden.
A Marinha brasileira apenas concede liberação para embarcações estrangeiras atracarem no Brasil após uma solicitação do Itamaraty, que – em teoria – leva em consideração o pedido da embaixada solicitante e fatores logísticos.
“Esses navios, no passado, facilitaram o comércio ilícito e atividades terroristas e já tiveram sanções da ONU. O Brasil é um país soberano, mas acreditamos fortemente que esses navios não deveriam atracar em qualquer lugar […] até o momento, não há nenhum outro país do hemisfério que tenha autorizado [navios iranianos]”–Elizabeth Bagley, embaixadora americana no Brasil, em entrevista na Embaixada dos Estados Unidos em Brasília
Espera-se que os navios sigam para o norte depois de deixar o Brasil em março, provavelmente atracando na Venezuela (ainda sem detalhes).
Relevante: O Irã, além de ter recebido do ditador venezuelano – em julho do ano passado – 1 milhão de hectares de terras agrícolas “para cultivo” e ter fechado um acordo de cooperação sigiloso de 20 anos na “área militar, petróleo, gás, agricultura e cultura”, envia constantemente, apesar da proibição americana, drones de reconhecimento (Mohajer-2, localmente chamado de Arpía) e combate (drones Shahed-191, localmente chamados de ANSU200, e drones Mohajer 6, localmente chamados de ANSU100) ao país sul-americano (drones que também são operados por militares russos em solo venezuelano).
Os drones iranianos citados acima hoje estão sendo montados em solo venezuelano e é esperado que o Irã passe a fabricar esse tipo de equipamento na própria Venezuela*
(em atualização)