BRASÍLIA, 5 de setembro — Em uma reunião que foi realizada há pouco no Palácio do Planalto, o presidente Lula bateu o martelo sobre a já esperada demissão da ministra do Esporte, Ana Moser, para entregar sua cadeira – até este momento – ao deputado André Fufuca, aliado de Lira, do PP do Maranhão (o deputado tem o plano de disputar uma cadeira no Senado na próxima eleição); na noite de ontem o partido, que inicialmente receberia o controle do Ministério do Desenvolvimento Social (que perderia o comando Bolsa Família e é liderado pelo senador petista Wellington Dias), havia recusado a pasta do Esporte, porém as negociações ainda estavam em andamento.
André Fufuca era considerado um dos líderes da “tropa de choque” do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (com direito a dedicatória enquanto vestia a bandeira de seu estado).
O ministério deve ser turbinado com bilhões da nova taxação de apostas esportivas e também deverá abrigar quatro novas secretarias, ligadas aos jogos eletrônicos, à assistência social, juventude e ao empreendedorismo.
A sigla PP também espera a criação do Fundo Nacional do Esporte, que lidará com verbas de emendas parlamentares.
Era esperado que a sigla PP recebesse o comando da Caixa (incluindo suas 12 vice-presidências) ainda na semana passada (em Brasília, vale mais que vários ministérios somados), que sairia das mãos de Rita Serrano e iria para a ex-deputada Margarete Coelho, aliada de Lira, mas a troca também travou.
Nesta tarde, atletas brasileiros e a Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil (COB) haviam divulgado uma “nota de desagravo” contra a iminente demissão da ministra; “O esporte não é moeda de troca. Nos sentimos envergonhados e desprestigiados, vendo que o esporte no Brasil continua sendo encarado como algo menor […] Lamentamos que, menos de um ano depois, em nome de uma pretensa governabilidade, o governo do presidente Lula possa vir a romper com seu discurso e promessas e, colocando o Ministério do Esporte na mesa de negociações políticas” -trecho da nota
O Ministério de Portos e Aeroportos, que hoje é comandado por Marcio França, do PSB, será entregue ao deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE). Costa Filho é filho do ex-deputado Silvio Costa, amigo pessoal do presidente Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff. A troca hoje enfrenta uma dura resistência de Marcio França (mas ao que tudo indica, acontecerá de qualquer forma).
O vice-presidente Geraldo Alckmin, do PSB, estava atuando para diminuir a resistência do partido pelas mudanças.
É esperado que o partido também leve a recém-recriada Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), que conta com um orçamento de R$ 2,8 bilhões, e estava sendo disputada entre as siglas PP, PSD, União Brasil, Republicanos e MDB.
A agora ex-ministra e ex-atleta do Vôlei Ana Moser é a terceira ministra a deixar o governo e a segunda a perder uma cadeira para o Centrão.
Em 3 de agosto, tomou posse como ministro do Turismo o deputado Celso Sabino no lugar da deputada “Daniela do Waguinho” (vaga destinada à sigla União Brasil).
É cogitada a transferência do vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, para o ministério da Defesa como movimento para acomodar uma entrada maior do Republicanos ou desocupar uma cadeira que pode ser entregue para um ministro desalojado pelo governo.
A EMBRATUR (faz parte do Turismo – já ocupado pelo Centrão – e está sob o comando de Marcelo Freixo, do PT) e os Correios contam com uma resistência pessoal de Lula, mas são disputados diretamente por membros do União Brasil (Alcolumbre, Luciano Bivar e Elmar Nascimento) – o governo tenta negociar a entrega de diretorias para não perder o controle dos órgãos.
No caso do ministério da Ciência e Tecnologia também ser entregue ao Centrão (ou abrigar um ministro que perdeu a cadeira), a titular da pasta Luciana Santos deverá ser remanejada para o Ministério dos Direitos Humanos ou das Mulheres.
Outro pedido que é nutrido pelo Centrão, mas que vem enfrentando resistência do próprio presidente, é a troca da ministra da Saúde, Nísia Trindade. Em uma troca que poderá acontecer posteriormente, a ministra deverá ser substituída por um “nome técnico” (para não parecer que foi um indicado político) apadrinhado pela sigla PP, de Arthur Lira.
(Em atualização)