Lula diz que a Venezuela não é uma ditadura e volta a depositar as esperanças no Supremo venezuelano, que é integralmente controlado pelo regime

Lula | Imagem por Marcelo Camargo/Agência Brasil

BRASÍLIA, 16 de agosto — Durante sua viagem pelo sul do Brasil, em entrevista à Rádio Gaúcha, o presidente Lula voltou a falar sobre a Venezuela e, após evitar responder ao questionamento várias vezes, afirmou há pouco que não considera o país uma ditadura, e sim um “regime muito desagradável”.

“Eu acho que a Venezuela vive um regime muito desagradável. Não acho que é uma ditadura, é diferente de uma ditadura. É um governo com viés autoritário, mas não é uma ditadura como a gente conhece tantas ditaduras nesse mundo […] Teve uma eleição, a oposição diz que ganhou, o Maduro diz que ganhou. O que eu estou pedindo para poder reconhecer? Quero saber pelo menos se são de verdade os números. Cadê a ata? Cadê a aferição das urnas? Aqui no Brasil, se o cidadão entrar na internet ele vai saber quantos votos o Lula teve em cada cidade do Rio Grande do Sul. Eu disse para o presidente Maduro: ‘Maduro, para você é essencial o mundo compreender que houve eleição limpa e democrática’. Ele disse que ia fazer. Eu mandei pessoas para lá no dia da eleição. Foi tudo normal. A oposição logo diz ‘eu ganhei’, o Maduro logo diz ‘eu ganhei’, mas ninguém tem prova. A oposição tem que mostrar as atas para mostrar o resultado. Eu só posso reconhecer se foi democrático se eles mostrarem a prova […] Quando o Celso Amorim ia viajar para a Venezuela, eu fui informado que eles tinham pedido para o Celso Amorim não ir. Eu mandei comunicar que se o Celso Amorim não pudesse ir, eu comunicaria à imprensa que a Venezuela estava impedindo. Aí, deixaram o Celso Amorim ir […] Eu acho que houve uma precipitação na punição e no julgamento das coisas. […] Na hora do julgamento político, eles foram precipitados. Eu disse pro [Emmanuel] Macron, disse pro Olaf Scholz, vocês não poderiam de pronto já condenar o cara. Vamos abrir um diálogo, tentar conversar […] Fico torcendo para que a Venezuela tenha um processo de reconhecimento internacional que depende unica e exclusivamente do comportamento da Venezuela. A oposição sabe disso, e o Maduro sabe disso […] e vamos esperar porque agora tem uma Suprema Corte que está com os papéis para decidir. Vamos esperar para ver qual será a decisão disso.-Lula

Em um breve diálogo sobre a situação na Venezuela, já no fim da entrevista, Lula afirmou que não se importa que Maduro tenha levantado dúvidas sobre as eleições brasileiras, disse que tanto Maduro quanto a oposição precisam entregar as atas de votação, ignorando os documentos oficiais já publicados no dia seguinte da “eleição”, e voltou a depositar esperanças no Supremo venezuelano, que é completamente controlado pelo regime, para decidir sobre o resultado do “pleito”.

Íntegra da entrevista

Questionado sobre a nota pública de seu partido PT, que celebrou a “vitória” de Maduro nas “eleições” presidenciais que foram chamadas de “jornada pacífica e democrática”, Lula disse que “não, eu não concordo com a nota. Eu não penso igual à nota. Mas eu não sou da direção do PT […] O partido não é obrigado a fazer o que o governo quer. E nenhum governo é obrigado a fazer o que o partido quer”.

Sobre a sugestão apresentada por Brasil e Colômbia para que a Venezuela tentasse realizar uma nova “eleição”, Lula reconheceu que a proposta foi rejeitada tanto pelo regime quanto pela oposição.

Ontem, em entrevista à estatal venezuelana VTV, quando perguntado sobre a ideia expressa por Lula e Gustavo Petro, Maduro afirmou que não aceitava que outros países opinassem sobre a Venezuela, assim como ele não opina sobre as eleições brasileiras, “que foi o tribunal quem decidiu”, nem nos acordos de paz do governo colombiano com as narcoguerrilhas do país.

Lula também disse na entrevista, erroneamente, que ambos os lados no pleito venezuelano não apresentaram os documentos para provarem que venceram.

Desde o dia seguinte das “eleições”, a oposição mantém um arquivo público online, que pode ser verificado por qualquer pessoa, e que reúne 83,5% das atas de votação do país.

De acordo com as atas públicas (documentos oficiais), a oposição venezuelana teria vencido o “pleito” com cerca de 67% dos votos (ao menos 7.303.482 votos).

Link do sistema: https://resultadospresidencialesvenezuela2024.com


(Matéria em atualização)

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