BRASÍLIA, 7 de fevereiro — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou hoje o juiz que ocupará a vaga que foi aberta bo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), que em breve julgará o ex-juiz e senador Sergio Moro em um processo que Brasília já dá como certo que terminará com a cassação do parlamentar (governo e oposição estão desde o ano passado escolhendo os candidatos que disputarão a cadeira de Moro).
O escolhido é José Rodrigo Sade, ex-advogado do ex-procurador da Lava Jato e deputado federal cassado Deltan Dallagnol (advogou para Deltan em uma ação de indenização por danos morais contra o ator José de Abreu). Seu nome será publicado ainda hoje no Diário Oficial da União.
Apesar da relação com Dallagnol, o advogado não é considerado um apoiador da Lava Jato e após várias conversas, teve seu nome apoiado por membros da sigla governista PT e do grupo Prerrogativas.
Os outros nomes da lista tríplice, os advogados Roberto Aurichio Junior e Graciane Aparecida do Vale Lemos, foram vistos pela equipe de Lula como próximos de Sergio Moro e Dallagnol e rejeitados.
O PROCESSO: Moro é alvo de uma ação no TRE do Paraná por “suspeita de caixa 2” e “abuso de poder econômico” durante a campanha que saiu vencedora na disputa por uma cadeira no Senado em 2022.
A ação começou como duas ações, movidas pela Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) e pelo diretório do PL no Paraná, e foi posteriormente unificada, no último dia 13/06/2023, pelo desembargador Mario Helton Jorge.
O questionamento na Justiça que já é visto pelo PT no Paraná como uma certeza de cassação de Moro, trata da questão do senador ter sido apresentado como pré-candidato à presidência da República, com uma verba maior de campanha, e depois ter desistido e se lançado ao cargo de senador (argumento da sigla PL), e também fala em “movimentações financeiras suspeitas” para projetar a imagem do então pré-candidato sem definir qual seria o cargo a ser disputado, e que o valor não teria sido incluído nos gastos da campanha ao Senado (argumento das siglas PT, PCdoB e PV).
A desistência e a mudança na candidatura foi chamada nas ações de “desproporcional” e teria “suprimido as chances dos demais concorrentes” ao Senado pelo estado, tese que foi acatada pelo desembargador.
A eventual cassação de Moro, como esperam os parlamentares de Brasília, levará o estado a realizar uma eleição suplementar.
Os deputados Zeca Dirceu e Gleisi Hoffmann estão na disputa interna para angariar apoios e se colocar na disputa pela cadeira (que ainda não está vaga).
Pelo lado da oposição despontam os nomes da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (aparentemente não tem interesse) e Paulo Martins (PL-PR), que saiu derrotado na última eleição ao Senado do Paraná por mais de 255 mil votos.
A data do julgamento de Moro ainda será definida após a integração do novo membro do Tribunal. Inicialmente o julgamento deveria acontecer amanhã (8), porém a questão foi foi adiada por conta da falta de um magistrado.
Sendo condenado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, a questão subirá para Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde Moro tem ainda menos chance de preservar seu mandato (ele permanecerá no cargo até a votação na instância superior).
Sergio Moro foi eleito em outubro de 2022 a uma cadeira no Senado com 1.953.159 votos.
(Matéria em atualização)