BRASÍLIA, 27 de novembro — Após a divulgação de um áudio pelo portal Metrópoles que mostra o deputado André Janones pedindo a devolução de parte de salário de servidores para a reconstrução de seu patrimônio e para bancar despesas de uma campanha passada, em uma reunião gravada que aconteceu dentro da Câmara dos Deputados na sala de reuniões da sigla Avante, parlamentares da oposição já estão agilizando pedidos de cassação do deputado no Conselho de Ética da Câmara e no Supremo Tribunal Federal; a gravação foi realizada pelo ex-assessor do parlamentar, o jornalista Cefas Luiz, em fevereiro de 2019.
No áudio, divulgado pelo Metrópoles, Janones explica aos servidores, apontando os valores de seus pagamentos, que acha justo ficar com uma parte de seus salários para pagar seus prejuízos de uma campanha eleitoral fracassada à prefeitura da cidade mineira de Ituiutaba em 2016. No pleito, Janones acabou em segundo lugar, com apenas 13 mil votos (24% dos votos).
“O meu patrimônio foi todo dilapidado. Eu perdi uma casa de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma previdência de R$ 70 (mil). Eu acho justo que essas pessoas também participem comigo da reconstrução disso. Então, não considero isso uma corrupção […] Algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito. Porque eu perdi R$ 675 mil na campanha. ‘Ah isso é devolver salário e você tá chamando de outro nome’. Não é. Porque eu devolver salário, você manda na minha conta e eu faço o que eu quiser […] e se eu tiver que ser colocado contra a parede, eu não tô fazendo nenhuma questão desse mandato. Para mim, renunciar hoje seria uma coisa tão natural. Se amanhã vier uma decisão da Justiça: ‘o André perdeu o mandato’, você sabe o que é eu não me entristecer um milímetro?” -André Janones
Mais cedo, o jornalista e ex-assessor que gravou a conversa, em entrevista à CNN Brasil, disse que a prática era comum e que a atual prefeita da cidade mineira de Ituiutaba, seria uma ex-assessora do parlamentar; “Leandra Guedes era namorada e assessora dele na época e ela era responsável por pegar o dinheiro de rachadinha dos funcionários. Nada era pago em banco. Era em dinheiro vivo.” -entrevista à emissora CNN Brasil
Em resposta às acusações, Janones nega que tenha cometido crimes e diz que as gravações são “clandestinas e criminosas”.
O mineiro André Janones ficou conhecido após virar um “porta-voz” da famosa paralisação dos caminhoneiros de 2018 (era a conta que mais engajava sobre o tema), tendo acesso até às reuniões dos grevistas.
Janones foi posteriormente afastado pelo grupo de liderança dos grevistas após jornais revelarem que ele nunca tinha sido um caminhoneiro e que já havia sido filiado à sigla PT entre os anos de 2002 e 2015.
No fim de 2018, impulsionado pela fama recente, Janones foi eleito com 178.660 votos à Câmara pela Sigla Avante após ter recebido cerca de R$ 200 mil do Fundão. Na época, o parlamentar era um crítico da esquerda política e do atual presidente Lula.
Em 2022, agora como base de apoio do presidente Lula e depois de ter experimentado uma breve campanha presidencial, Janones foi reeleito com 238.967 votos após receber cerca de R$ 2 milhões do Fundão.
ATUALIZAÇÕES:
- 13h12. Deputado André Janones utiliza suas redes sociais pessoais para responder sobre a matéria do Metrópoles/gravação:
(Em atualização)