TÓQUIO, 27 de setembro — Em uma das corridas políticas internas mais disputadas, com um recorde de nove candidatos concorrendo à liderança do Partido Liberal Democrata (PDL), responsável por definir o novo primeiro-ministro do Japão, o ex-ministro da Defesa japonês Shigeru Ishiba (67) saiu vencedor e deverá assumir a cadeira de líder do país, substituindo Fumio Kishida, que anunciou sua saída do governo no último dia 14 de agosto em razão dos baixos índices de aprovação e das acusações de corrupção que afastaram membros de sua administração.
Entre os 9 candidatos que concorreram na eleição interna do partido para o cargo de primeiro-ministro do Japão, Ishiba enfrentou uma disputa acirrada com a ministra (mais à direita) da Segurança Econômica, Sanae Takaichi, que venceu a primeira rodada de votação, mas acabou perdendo na segunda, com 215 votos contra 194.
Ishiba, que já tentou liderar o partido em outras quatro eleições internas, governará o quarta maior economia do mundo até as eleições de 2025, que ainda não têm data definida (provavelmente acontecerá no fim de outubro).
Para se tornar primeiro-ministro, o novo líder do partido governista deverá ser submetido a uma votação no Parlamento japonês após a renúncia oficial de Fumio Kishida, que está agendada para a próxima terça-feira (1). Já que seu partido detém a maioria das cadeiras na Casa legislativa, ele deve vencer sem dificuldades.
Desde a criação do partido em 1995, a sigla PDL só não governou o Japão em 1993 (ganhou mas não conseguiu formar uma maioria no Parlamento) e 2009.
Em uma coletiva realizada há pouco, imediatamente após a votação que o elegeu como o novo líder do partido governista, Ishiba prometeu recuperar a popularidade da sigla e “restaurar a confiança do povo”.
“Eu vou acreditar nas pessoas, falar a verdade com coragem e sinceridade, e farei o meu melhor para tornar este país um lugar seguro e protegido, onde todos possam viver com um sorriso no rosto novamente” -Shigeru Ishiba
De acordo com as regras do partido, os líderes são eleitos para um mandato de três anos, com a possibilidade de renovação por até duas vezes consecutivas. Sendo assim, Ishiba será a imagem do partido nas eleições gerais que ocorrerão no ano que vem.
Na questão geopolítica mundial, Ishiba não deve adotar posições diferentes dos últimos governos, mas terá que construir relações com um novo presidente americano que será eleito nas eleições marcadas para o dia 5 de novembro.
Na região, Ishiba é um vocal defensor de uma maior independência e da criação de uma OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) asiática para enfrentar as ameaças da China e da Coreia do Norte.
Apesar de também apoiar um maior diálogo com a China, Ishiba sempre foi um firme defensor da independência de Taiwan, que é considerada pela China como parte de seu território.
(Matéria em atualização)
