Perto das eleições que provavelmente levarão a Espanha para a centro-direita, ministra comunista propõe dar R$ 106,2 mil para jovens que completarem 18 anos

Yolanda Díaz Pérez, Ministra do Trabalho e Segunda-Vice-Presidente do Governo da Espanha na Câmara dos Deputados do Brasil durante a última posse presidencial | Imagem por Edilson Rodrigues/Agência Senado

MADRID, 6 de julho — Yolanda Pérez, Ministra do Trabalho e Segunda-Vice-Presidente do Governo da Espanha, uma das principais líderes da sigla Partido Comunista da Espanha (PCE) e que recentemente criou as siglas Unidas Podemos e SUMAR (união de 15 partidos de esquerda) para participar das eleições que acontecerão no próximo dia 23/07, apresentou um projeto que pede o pagamento de 20 mil euros (cerca de R$ 106,2 mil) para jovens que completarem 18 anos com o objetivo de combater a “desigualdade de oportunidades”; o projeto atingiria todos os jovens, sem distinção sobre as suas condições socioeconômicas.

A Ministra do Trabalho é filha e sobrinha de dois líderes comunistas famosos na Espanha, respectivamente, Suso Díaz e Xosé Díaz.

De acordo com o projeto, chamado localmente de “Herança Universal” o jovem espanhol receberia o dinheiro sem qualquer pré-condição, de forma parcelada, dos 18 aos 23 anos, e poderia utilizá-lo em um negócio próprio ou para fins educacionais e de treinamento.

Post da Ministra do Trabalho espanhola sobre o assunto: “Como vamos financiar a Herança Universal de € 20.000 para jovens de 18 anos? Com o imposto sobre grandes fortunas.
A justificativa fiscal e as políticas redistributivas são fundamentais no programa do Sumar (partido)”

O custo do projeto, estimado pela ministra, seria de 8 a 10 bilhões de euros (R$ 42,6 bilhões a R$ 53,3 bilhões) e sairia de uma taxação de pessoas que ganham mais de 1 milhão de euros por ano.

Recentemente (30/03) a ministra foi elogiada publicamente pelo presidente brasileiro após um encontro no Rio de Janeiro que teve como pauta “os avanços na Reforma Trabalhista (local) e a defesa do trabalho decente na Espanha”.

Post do presidente Lula em resposta à ministra: “Gracias, Yolanda. O trabalho que realizou na Espanha nos inspira no Brasil.”

Eleições espanholas: Após o avanço da direita na Espanha e as pesadas derrotas que o governo socialista sofreu nas últimas eleições municipais e regionais, o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez anunciou, no dia 29 de maio, que estava dissolvendo o Parlamento da Espanha para antecipar as eleições que aconteceriam naturalmente no fim deste ano.

A intenção do primeiro-ministro foi de tentar frear o crescimento da centro-direita espanhola e estancar as perdas.

Nas últimas eleições municipais e regionais, o partido PP (Partido Popular, de centro-direita), liderado por Alberto Núñez Feijóo, foi o principal destaque e se tornou a primeira força política do país.

O PP obteve mais de 7 milhões de votos (31,5%) nas eleições municipais, 2 milhões a mais do que há quatro anos, contra 6,2 milhões (28,1%) para o Partido Socialista de Pedro Sánchez.

Com exceção de Barcelona, todas as grandes cidades da Espanha agora são governadas por representantes da direita.

A sigla VOX, também da direita espanhola, que há poucos anos se tornou a terceira maior força política do país, teve mais de 1,5 milhão de votos nas eleições municipais (7,19%) e praticamente dobrou sua representatividade de quatro anos atrás.

Os dois partidos hoje governam várias regiões em conjunto e disputarão a próxima eleição em um mesmo bloco.

Apesar dos nomes do primeiro-ministro Pedro Sánchez e o de Alberto Feijóo não estarem presentes em nenhuma cédulas de votação nas nas últimas eleições municipais e regionais, os pleitos foram vistos desde o início como uma prévia das eleições legislativas que acontecerão no fim do mês.

Em posição pública emitida pelo porta-voz da sigla que provavelmente será o novo governo do país, o Partido Popular (PP) acusou o projeto da “Herança Universal” de ignorar os problemas urgentes da Espanha, que seriam a situação econômica e a taxa mais alta de desemprego da Europa; “As famílias não conseguem chegar ao fim do mês e os trabalhadores independentes lutam para se manter na ativa”.

Alguns membros do partido do governo, PSOE (Partido Socialista da Espanha), ficaram irritados com o movimento da Ministra do Trabalho e disseram que a atitude, que provavelmente foi tomada com a intenção de reverter votos dos jovens, pode empurrar ainda mais a direita local a assumir o governo nas próximas eleições (cenário mais provável).


(Em atualização)

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