BRASÍLIA, 8 de novembro — A Polícia Federal cumpriu hoje dois mandados de prisão e 11 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal de membros e locais ligados ao grupo terrorista (e partido político libanês) Hezbollah (grupo que é armado e financiado pelo Irã); outros dois mandados de prisão estão em aberto no nome de dois terroristas que estão no Líbano.
A operação de hoje foi batizada de “Trapiche” e mirava combater “atos preparatórios de terrorismo”.
De acordo com a investigação, os dois presos (brasileiros) planejavam atentados contra endereços (prédios) da comunidade judaica brasileira e contra Sinagogas. Um dos alvos seria a embaixada de Israel em Brasília.
Os dois mandados de prisão foram cumpridos no estado de São Paulo; um deles foi cumprido no aeroporto Internacional de Guarulhos, contra um membro do Hezbollah que estava chegando do Líbano com informações para praticar os ataques, e o outro foi cumprido na cidade de São Paulo.
Os presos, vistos na investigação como “recrutadores”, devem responder pelos crimes de constituir ou integrar organização terroristas e de realizar atos preparatórios de terrorismo (pena máxima somada de ~15 anos e 6 meses de prisão).
Relevante: Os crimes que constam na Lei de Terrorismo são tidos como hediondos, inafiançáveis, insuscetíveis de graça, anistia ou indulto, e o cumprimento da pena para esses crimes já começa em regime fechado, mesmo sem o trânsito em julgado da condenação.
Quanto aos mandados de busca e apreensão, 7 deles foram cumpridos em Minas Gerais, 3 no DF e um em São Paulo.
Não é a primeira vez: Em 2016, a operação #Hashtag já havia prendido 11 membros do Hezbollah que gravaram vídeos de juramentos e planejavam ataques contra os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro.
A operação Hashtag foi cumprida no dia 21 de julho de 2016 em São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Amazonas, Paraíba, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.
Na época, terroristas chegaram a tentar comprar fuzis Kalashinikov no Paraguai.
O Hezbollah tem uma presença forte e antiga no Brasil. Muitas famílias ligadas ao grupo vieram para o Brasil, que possui uma grande cominidade libanesa, na última guerra contra Israel.
Desde o início da guerra de Israel contra o grupo terrorista Hamas em Gaza, Israel e Hezbollah estão trocando pequenos ataques na fronteira entre os dois países.
Era esperado que o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, anunciasse que entraria de fato na guerra contra Israel em um discurso público que foi realizado no último dia 03/11, porém o discurso morno apenas repetiu as mesmas ameaças vazias e pediu que os Estados Unidos forçassem Israel a aceitar um cessar-fogo.
O Líbano não tem condições financeiras de suportar uma guerra entre o Hezbollah e Israel (e aliados, incluindo os Estados Unidos). Existe um consenso da população e da parte política do país de que isso destruiria o que ainda resta da economia libanesa.
O governo local do Líbano está tão distante do Hezbollah que até forças especiais britânicas estariam em solo libanês, devidamente autorizados, treinando para retirar reféns de túneis do grupo terrorista Hamas, aliado do Hezbollah*
O grupo, que é considerado oficialmente terrorista pelos nossos vizinhos Argentina e Paraguai (além dos Estados Unidos e vários outros países), atua junto à organização criminosa paulista (uma das maiores do mundo) PCC, auxiliando no escoamento da cocaína através dos portos e aeroportos da região sudeste.
Outra droga que o Hezbollah também produz e vende é o GHB, conhecido popularmente como droga do estupro.
Existe uma preocupação regional de que o Irã, que recebeu no ano passado 1 milhão de hectares de terras agrícolas venezuelanas em uma acordo público com termos secretos firmado com o regime da Venezuela, use a região para expandir sua produção de drogas em troca de proteção e armamentos.
A Venezuela já utiliza e até fabrica equipamentos como drones kamikaze iranianos há alguns anos (drones operados por forças locais e pela milícia russa Grupo Wagner, que faz a segurança do ditador venezuelano Nicolás Maduro desde o último levante).
Apesar da proibição americana, a Venezuela opera regularmente os drones iranianos Mohajer-2 (localmente chamado de ANSU100), Shahed-191 (localmente chamados de ANSU200), Mohajer 6, Shahin (localmente chamado de ANSU500) e Yazdan (localmente chamado de ANSU).
Recentemente, o presidente boliviano Evo Morales também começou a negociar com o Irã a aquisição dos mesmos equipamentos militares.
ATUALIZAÇÃO:
06/12/2023 – A Justiça Federal, a pedido da Polícia Federal, descartou a participação de dois dos detidos por envolvimento com o grupo terrorista Hezbollah e o plano de ataques em solo brasileiro. A Justiça também acatou um pedido de conversão de outras duas prisões temporárias para preventivas.
(Em atualização)