PF realiza operação contra mandantes da morte de Marielle Franco e prende o deputado federal Chiquinho Brazão

Deputado Chiquinho Brazão (UNIÃO – RJ) | Imagem por Mario Agra/Câmara dos Deputados

RIO DE JANEIRO, 24 de março — O deputado federal João Francisco Inácio Brazão, conhecido como Chiquinho Brazão (União Brasil), seu irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e da Polícia Civil do RJ, foram presos na manhã deste domingo em uma operação da Polícia Federal que mirava, segundo a própria PF, os supostos mandantes do assassinato da ex-vereadora do RJ Marielle Franco, que aconteceu em 2018.

Além das prisões, estão sendo cumpridos mais 12 mandados de busca e apreensão na Operação que recebeu o apelido de Murder Inc.

Um dos alvos dos mandados de busca e apreensão é a casa do casa do delegado Giniton Lages, que era chefe da Delegacia de Homicídios do Rio na época do ocorrido.

“A ação conta ainda com o apoio da Secretaria de Estado de Polícia Civil do Rio de Janeiro e da Secretaria Nacional de Políticas Penais, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, e tem como alvos os autores intelectuais dos crimes de homicídio, de acordo com a investigação. Também são apurados os crimes de organização criminosa e obstrução de justiça” -trecho da nota da PF

O deputado Chiquinho Brazão (62) havia sido delatado pelo assassino da ex-vereadora, Ronnie Lessa, que segundo a PF teria ligação com a milícia na Zona Oeste do Rio (nas áreas de construção civil e combustíveis).

A delação de Ronnie Lessa, que sempre se recusou a falar sobre o assunto, foi homologada no início deste mês pelo ministro Alexandre de Moraes. O processo chegou no STF por conta do foro privilegiado de um dos investigados (deputado federal).

Desde que tomou conhecimento da delação, o deputado Chiquinho Brazão tem negado as acusações, afirmando publicamente que compartilha “a mesma posição política que Marielle” e que a delação seria apenas um “relato de um criminoso”.

Caberá à Câmara dos Deputados decidir se a prisão de Chiquinho será mantida.

Domingos, irmão de Chiquinho (família conhecida no RJ), em sua longa vida pública, tem um histórico de suspeitas que incluem corrupção, fraude, improbidade administrativa, compra de votos e homicídio.

Domingos já foi vereador do RJ por dois anos e posteriormente deputado estadual, cargo que ocupou por 17 anos.

Indicado em 2015 pela Assembleia Legislativa do Rio para virar um Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, por 61 votos dos 66 deputados, Domingos foi preso por corrupção em 2017 na Operação Quinto do Ouro, desdobramento da Lava Jato no Rio.

Ele foi afastado do cargo de conselheiro devido à sua prisão, mas retornou em maio do ano passado devido a uma decisão da Justiça do RJ.

Relevante: Durante seus 5 mandados consecutivos como deputado estadual, Domingos Brazão chegou a ser afastado por causa de denúncias de compra de votos, mas foi reconduzido ao seu cargo após uma liminar do então ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, que hoje ocupa o cargo de ministro da Justiça.

O terceiro preso de hoje, o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do RJ, assumiu este cargo um dia antes da morte de Marielle prometendo pacificar a relação da sua instituição com a parte política do Rio.

De acordo com a PF, ele teria prometido não dar prosseguimento nas investigações sobre a morte da ex-vereadora (teria dado essa garantia à Domingos Brazão antes do crime acontecer). A denúncia também diz que ele teria recebido R$400 mil para atrapalhar as investigações já em andamento.


Sobre o deputado federal preso hoje na “Operação Murder Inc”

Eleito em 2018 pelo AVANTE com 25.817 votos, Chiquinho foi reconduzido ao cargo pela sigla UNIÃO BRASIL em 2022 com 77.367 votos.

Neste último pleito, Chiquinho declarou bens no valor de R$2.507.354,31 e recebeu de Fundão eleitoral (dinheiro de imposto) R$2.500.000 (R$2.000.000 enviados pela Direção Nacional do União Brasil e R$500.000 pela Direção Estadual/Distrital do União Brasil) – dados do TSE.

Sua terceira maior “doação” foi no valor de R$0,35 centavos, enviada por ele mesmo.

De acordo com a sua declaração de campanha, Chiquinho gastou R$942.166,80 com adesivos, R$844.076,77 com “despesas de pessoal”, R$773.200 com materiais impressos (santinhos), $322.000 em doações para outros candidatos, R$65.167,20 com “Publicidade por jornais e revistas” e R$60.000 com “Produção de programas de rádio, televisão ou vídeo”.

Entre os candidatos que receberam doações oficiais de Chiquinho estão o seu irmão Manoel Brazão, deputado estadual eleito que recebeu R$62.000, Leonardo Vasconcellos, vereador de Teresópolis que recebeu R$220.000, e Regina Celi dos Santos (Regina do Salgueiro), que recebeu R$40.000.

Ambos, Leonardo e Regina, respectivamente com 26.962 votos e 1.409 votos, não conseguiram se eleger à Camada estadual do RJ.

Manoel, Leonardo e Regina também receberam, respectivamente, R$775.000, R$275.000 e R$100.000 de Fundão eleitoral.

O deputado ocupa uma cadeira na Frente Parlamentar Mista de Fiscalização, Integridade e Transparência, na Frente Parlamentar Mista em Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica, na Frente Parlamentar para o Fortalecimento da Mulher e na Frente Parlamentar Mista de Combate à Corrupção.

Antes de virar deputado, Chiquinho foi vereador do Rio entre os anos de 2004 e 2018.

Como vereador, Chiquinho presidiu CPI dos Ônibus, que em teoria investigava irregularidades no transporte coletivo do RJ e que acabou não gerando qualquer resultado.

Chiquinho também exerceu, por quatro meses, até o mês passado, o cargo Secretário municipal de Ação Comunitária da Prefeitura do Rio (governo Eduardo Paes). Ele pediu exoneração e retornou à sua cadeira a Câmara quando surgiram os primeiros boatos sobre a sua participação na morte da ex-vereadora Marielle.


(Matéria em atualização)

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