BRASÍLIA, 2 de agosto — A Polícia Federal está cumprindo na manhã de hoje mandados de uma operação identificada como “3FA”, sob autorização de Alexandre de Moraes, e prendeu novamente (3ª prisão) o “hacker” (nunca foi hacker) que ficou conhecido por invadir contas (sem hack) de autoridades na época da Lava Jato, Walter Delgatti; endereços da deputada Carla Zambelli, que chegou a contratá-lo “por contrato” (com pagamentos via PIX confirmados pela PF) para cuidar de suas redes sociais e levá-lo à Brasília para conversar com o ex-presidente Jair Bolsonaro (de acordo com pessoas próximas de Bolsonaro, sem comunicado prévio) e Valdemar Costa Neto.
A operação “3FA” teria o objetivo de “apurar invasões no sistema informatizado do Poder Judiciário”, que aconteceram entre os dias 4 e 6 de janeiro deste ano, quando foram inseridos no sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) 11 alvarás de soltura de pessoas presas (outros motivos) e 1 mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
No total, foram cumpridos 5 mandados de busca e apreensão, sendo 3 no DF e 2 em SP.
Os mandados contra Zambelli foram cumpridos no apartamento e no gabinete da deputada. Moraes também mandou apreender o passaporte da deputada e “dinheiro, armas e bens acima de R$ 10 mil” que não possuírem comprovantes de aquisição por meios legais (na prática, essa parte foi ignorada).
Delgatti foi preso em Araraquara.
Desde o último mês, Delgatti tenta fechar um acordo de delação acusando a deputada e até o ex-presidente (indiretamente) de pedirem que ele invadisse os e-mails de Alexandre de Moraes e que conseguisse provar a vulnerabilidade das urnas eletrônicas. Todos os lados acreditam que, pelo histórico pessoal e criminal do “hacker” preso, ele tenha várias gravações da deputada Zambelli.
Da última vez que Delgatti foi preso, por invadir contas no Telegram de autoridades, ele apenas utilizava um serviço de VoIP que apresentava uma falha (que ele descobriu sem querer enquanto tentava burlar o jogo Pokemon-Go seguindo um tutorial de internet) e que acabava sequestrando o número de celular das pessoas. Com o número de celular sequestrado, ele entrava no Telegram das pessoas com o número recebido por SMS do processo convencional de login.
Com acesso aos dados de autoridades, Delgatti tentou se comunicar com pessoas próximas do atual presidente Lula para ajudá-lo a sair da cadeia e incriminar de alguma forma as autoridades que o colocaram lá ou que tinham o poder de mantê-lo preso.
Desde então, Delgatti reclamava publicamente por ter sido abandonado, e acabou se aproximando da deputada Zambelli, alvo da operação de hoje.
De acordo com o que está sendo negociado no acordo de delação, o “hacker” acusa (e muito provavelmente possui conteúdo gravado) a deputada de redigir o mandado de prisão de Alexandre de Moraes contra ele mesmo que foi inserido no sistema. O mandado incluía a frase “e faz o L”.
Não é esperado que Zambelli receba algum tipo de defesa por parte da equipe do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“A medida foi recebida com surpresa, porque a deputada peticionou, através de seu advogado constituído, o dr. Daniel Bialski, colocando-se à disposição para prestar todas informações necessárias e em nenhum momento a parlamentar deixou de cooperar com as autoridades. Respeita-se a decisão judicial, contudo, refuta-se a suspeita que tenha participado de qualquer ato ilícito. Por fim, a deputada Carla Zambelli aguardará, com tranquilidade, o desfecho das investigações e a demonstração de sua inocência.” -nota divulgada pela defesa da deputada Carla Zambelli
Para acessar o sistema do CNJ, Delgatti entrou em um grupo de funcionários e conseguiu encontrar as credenciais de um funcionário do CNJ identificado como Rosfran Borges (não era envolvido e trabalhava em home office fora do país). Com as credenciais, ele entrou no sistema e fez as modificações. Segundo o “hacker” preso, algumas senhas eram fáceis como “123mudar” e “cnj123”.
(Em atualização)