Polêmicos navios de guerra iranianos chegam ao Rio de Janeiro; Marinha teria ignorado pedido dos EUA para que embarcações fossem barradas

Um dos navios que está atracando no Brasil hoje (IRIS 75 Dena) | Imagem por Hamid Vakili/Fars Media Corporation (CC 4.0 International License)

RIO DE JANEIRO, 27 de fevereiro — Os polêmicos navios de guerra iranianos que estavam aguardando autorização para atracamento no Brasil desde janeiro sob o pretexto de “ampliação da presença geopolítica iraniana no Oceano Atlântico”, foram registrados em imagens nesta tarde no Rio de Janeiro; os Estados Unidos haviam pedido que o Brasil negasse a entrada dos navios de guerra.

Argentina, Chile e Uruguai rejeitaram pedidos do regime iraniano para que estes mesmos navios atracassem em seus portos*

Uma das embarcações que foi registrada pelo jornalista Guilherme Wiltgen

Os navios, uma fragata classe Moudge (IRIS Dena), de 95 metros (~312 pés) e 1.500 toneladas, equipada com um canhão principal Fajr-27 de 76 mm, metralhadoras pesadas, mísseis antinavio, lançadores de torpedos, lançadores de drones e um deck de pouso para helicópteros, e um navio petroleiro de 228 metros que foi convertido em navio-base de logística (IRIS Makran), equipado com uma grande plataforma de pouso e equipamentos para processamento de dados (base tecnológica), foram autorizados a ficar no país até o dia 4 de março.

A autorização apenas diz que devem ser observadas as normas sanitárias e epidemiológicas vigentes.

“Esses navios, no passado, facilitaram o comércio ilícito e atividades terroristas e já tiveram sanções da ONU. O Brasil é um país soberano, mas acreditamos fortemente que esses navios não deveriam atracar em qualquer lugar […] até o momento, não há nenhum outro país do hemisfério que tenha autorizado [navios iranianos]” –Elizabeth Bagley, embaixadora americana no Brasil, em entrevista na Embaixada dos Estados Unidos em Brasília

Em janeiro, quando os dois navios chegaram em águas brasileiras, ambos foram acompanhados por uma aeronave militar americana. Na época, mesmo com a autorização da Marinha, o governo federal suspendeu o atracamento dos navios temendo uma retaliação de Washington às vesperas da visita do do presidente Lula ao presidente americano Joe Biden.

A Marinha brasileira apenas concede liberação para embarcações estrangeiras atracarem no Brasil após uma solicitação do Itamaraty, que – em teoria – leva em consideração o pedido da embaixada solicitante e fatores logísticos.

Espera-se que os navios sigam para o norte depois de deixar o Brasil em março, provavelmente atracando na Venezuela (ainda sem detalhes).

Relevante: O Irã, além de ter recebido do ditador venezuelano – em julho do ano passado – 1 milhão de hectares de terras agrícolas “para cultivo” e ter fechado um acordo de cooperação sigiloso de 20 anos na “área militar, petróleo, gás, agricultura e cultura”, envia constantemente, apesar da proibição americana, drones de reconhecimento (Mohajer-2, localmente chamado de Arpía) e combate (drones Shahed-191, localmente chamados de ANSU200, e drones Mohajer 6, localmente chamados de ANSU100) ao país sul-americano (drones que também são operados por militares russos em solo venezuelano).

Os drones iranianos citados acima hoje estão sendo montados em solo venezuelano e é esperado que o Irã passe a fabricar esse tipo de equipamento na própria Venezuela*


(em atualização)

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