Presidente do Senado Rodrigo Pacheco diz que fala de Lula sobre Israel foi “inapropriada” e que “é fundamental que haja uma retratação”

Presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco | Imagem por Marcos Oliveira/Agência Senado

BRASÍLIA, 20 de fevereiro — Durante a abertura de uma sessão deliberativa no Senado Federal, o presidente do Senado (presidente do Congresso Nacional) Rodrigo Pacheco, emitiu a posição oficial da Casa legislativa sobre a fala do presidente Lula que comparou Israel à Hitler e disse que “uma fala inapropriada e equivocada não representa o verdadeiro propósito do presidente da República Federativa do Brasil Luis Inácio Lula da Silva”.

Íntegra da fala de Rodrigo Pacheco: “Esta Presidência gostaria de se posicionar acerca do recente pronunciamento da Presidência da República sobre o conflito que está ocorrendo na Faixa de Gaza, entre Israel e Palestina.
De início, este Senado Federal externa, mais uma vez, a condenação veemente do ataque terrorista perpetrado pelo grupo Hamas, em 07 de outubro de 2023, contra civis israelenses e reitera o pedido pela liberação de reféns. Da mesma forma, esta Casa repele reações desproporcionais e o uso de violência irracional que tenham ocorrido ou estejam ocorrendo na Faixa de Gaza, durante a contraofensiva israelense. Contudo, não podemos compactuar com as afirmações que compararam a ação militar que está ocorrendo na região neste momento com o Holocausto, o genocídio contra o povo judeu perpetrado pelo regime nazista na Segunda Guerra Mundial. Genocídio é o extermínio deliberado de um povo, por motivos de diferenças étnicas, nacionais, raciais ou religiosas. Há um plano para se eliminar aquele grupo. Ainda que a reação perpetuada pelo governo de Israel venha a ser considerada indiscriminada e desproporcional, não há como estabelecer um comparativo com a perseguição sofrida pelo povo judeu no nazismo. Em relação à proporcionalidade da ação militar, existem instâncias próprias, da Comunidade Internacional, como a Corte Internacional de Justiça da ONU, que devem aferir se as regras de guerra estão sendo respeitadas ou não.
Estamos certos de que essa fala equivocada não representa o verdadeiro propósito do Presidente Lula, que é um líder global conhecido por estabelecer diálogos e pontes entre as nações, motivo pelo qual entendemos que uma retratação dessa fala seria adequada, pois o foco das lideranças mundiais deve estar na resolução do conflito entre Israel e Palestina. O governo brasileiro é mundialmente conhecido por sua diplomacia moderada, então devemos mostrar nossa influência, nossa contribuição, para a pacificação do conflito de modo equilibrado. Inclusive, o Brasil orgulha-se de ter presidido a Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas, que aprovou o Plano de Partilha da Palestina, e deu origem ao Estado de Israel em 1948. O Senado Federal acompanha com grande preocupação os desdobramentos do conflito entre Israel e Palestina e clama pela cessação das hostilidades. Reafirmamos o apoio do Poder Legislativo brasileiro por uma solução consensual, em que o Estado da Palestina possa conviver, em paz e segurança, com o Estado de Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas. Os judeus, e sua história, assim como os palestinos, merecem o mais absoluto respeito, e este Senado Federal clama pela
paz entre as nações. A solução para o conflito passa, necessariamente, pelo cumprimento dos tratados de direitos humanos e pelos mecanismos multilaterais de solução de controvérsias, sempre respeitando a memória histórica dos povos envolvidos. Muito obrigado.” -Rodrigo Pacheco

No último domingo (18), durante um discurso na Etiópia, o presidente Lula virou notícia no mundo inteiro responder questionamentos sobre o regime venezuelano ter expulsado o órgão de direitos humanos da ONU da Venezuela, sobre o financiamento brasileiro da UNRWA (Agência da ONU de Assistência aos Refugiados da Palestina), órgão que vem perdendo ajuda de vários países por conta da ligação de vários de seus funcionários com o grupo terrorista Hamas, e sobre a morte do principal opositor russo Alexei Navalny, que de acordo com o regime russo teve uma “morte súbita” no último dia 16/02 enquanto tomava seu banho de sol em um presídio isolado na Sibéria à uma temperatura de -20°C.

A questão mais polêmica ficou por conta da parte que envolveu Israel, por conta de Lula ter comparado, citando números exclusivamente do Hamas, o país à Hitler.

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio […] Olha, se teve algum erro nessa instituição que recolhe o dinheiro, apura-se quem errou, mas não suspenda a ajuda humanitária […] O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus-presidente Lula

O discurso gerou uma enorme repercussão e o próprio governo israelense chegou a responder o mandatário brasileiro exigindo um pedido de desculpas e declarando Lula “persona non grata” em Israel (deixa de ser bem-vindo ao país e sua visita é oficialmente considerada indesejável).

Ontem, dobrando a aposta no conflito diplomático com Israel, o governo brasileiro, que se sentiu ofendido com o nível da resposta israelense, chamou de volta seu embaixador em Tel Aviv Frederico Meyer para consultas.

retorno de Meyer ao Brasil representa na diplomacia uma medida excepcional que simboliza desconforto e descontentamento nas relações entre os países (agravamento da situação).

Mais cedo, o chanceler israelense Israel Katz voltou a exigir, em uma postagem em português nas redes sociais oficiais do governo, um pedido de desculpas de Lula, chamando sua comparação de Israel com Hitler de “promíscua” e “delirante”.

Post do Chanceler israelense

A mensagem foi respondida pelo ministro das Comunicações da ala política do governo, Paulo Pimenta, que citando novamente números do Hamas, disse que o chanceler israelense distribui conteúdo falso atribuindo ao presidente opiniões que jamais foram ditas por ele”, que “o Governo Netanyahu se nutre da guerra para se manter no poder”, que “a maioria da população israelense rejeita a política extremista do governo”, que “em nenhum momento o presidente fez críticas ao povo judeu”, e que “Isolado, o governo de Israel adota prática da extrema-direita e aposta em Fake News para tentar se reafirmar interna e internacionalmente”.


Post do ministro da Secretaria de Comunicação Paulo Pimenta

(Matéria em atualização)

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