Presidente do Zimbábue sanciona lei que proíbe críticas contra o Estado; país passará por eleições em pouco mais de um mês

Presidente zimbabuano Emmerson Mnangagwa | Imagem por Paul Kagame

HARARE, 14 de julho — Faltando pouco mais de um mês para as próximas eleições no Zimbábue (marcadas para o dia 23/08), o presidente zimbabuano Emmerson Mnangagwa (80) sancionou a “Lei de Emenda à Lei Criminal” que proíbe os cidadãos do país de criticarem o governo; chamado de “Projeto Patriótico”, a nova lei, de acordo com o próprio governo, teria a função de coibir pessoas de pedirem por uma intervenção militar e evitar que pessoas incentivem sanções estrangeiras contra o país.

O projeto, que teve sua sanção divulgada em diário oficial pelo secretário-chefe do gabinete presidencial, Misheck Sibanda, transforma em crime e impõe penas severas a quem “lesar intencionalmente a soberania e os interesses nacionais do Zimbábue”.

A oposição local e órgãos internacionais dizem que a lei fere diretamente as liberdades individuais e políticas, e que ela teria sido criada propositalmente para interferir nas próximas eleições legislativas e presidenciais de agosto.

De acordo com a lei, se a Justiça decidir que um cidadão feriu intencionalmente a “soberania e os interesses nacionais do Zimbábue”, ele poderá ser condenado a 20 anos de prisão e até perder a cidadania.

“É uma boa lei […] muitas pessoas não gostam de sua própria nação. A lei foi aprovada na hora certa, pois isso fará com que os zimbabuanos amem seu país.” -Admire Masikati, líder governista (partido ZANU-PF, que governa o país desde 1980) regional de Bulawayo, a segunda maior cidade do país

A lei também proíbe que os cidadãos realizem ou participem de reuniões com estrangeiros “em que haja críticas o Zimbábue”, ou que incentivem a imposição de medidas restritivas (sanções) contra a membros do governo.

Infratores condenados por “tentativa de derrubar o governo” podem enfrentar até a pena de morte.

O projeto, que passou pelo Parlamento no último dia 01/06/2023, foi aprovado horas depois do governo anunciar as eleições de 23 de agosto.

A oposição local frequentemente acusa de forma pública o partido que está no poder desde 1980 de “usar os tribunais” para afastar os políticos da oposição e de realizar prisões arbitrárias de políticos e grupos de direitos humanos.

Nas últimas eleições de 2018, o presidente Mnangagwa, apelidado localmente de “O Crocodilo”, teria vencido com 50,8% dos votos em um pleito marcado por confusão e violência.

Nas últimas eleições legislativas de março de 2022, o governo local chegou a bloquear os serviços de internet e colocar barreiras físicas para conter manifestações da oposição.

Para tentar atingir um público mais jovem, nesta última semana, o governo local realizou grandes eventos políticos com a presença do americano ex-campeão mundial de boxe Floyd Mayweather.

O ex-campeão chegou no país utilizando (ele e toda a sua equipe) o famoso cachecol nas cores do Zimbábue que é a marca registrada do presidente local.

A visita teria sido patrocinada pelo candidato local ao Parlamento e maior vendedor de ouro do país, Scott Sakupwanya, que chegou acompanhando o esportista (ele foi recentemente envolvido em um escândalo chamado “Máfia do Ouro”).


(Em atualização)

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