MOSCOW, 25 de agosto — O presidente russo Vladimir Putin assinou há pouco um decreto para aumentar o tamanho das Forças Armadas da Rússia em 137 mil soldados; decreto passa a vigorar no primeiro dia de janeiro do próximo ano.
O decreto foi anunciado pela estatal russa de notícias RIA NOVOSTI/РИА Новости.
- Estabelecer o efetivo das Forças Armadas da Federação Russa no valor de 2.039.758 unidades, incluindo 1.150.628 militares.
- O Governo da atribuição da Federação Russa para fornecer ao Ministério da Defesa da Federação Russa dotações orçamentárias do orçamento federal necessárias para a implementação do parágrafo 1 deste decreto.
- Reconhecer como inválido o Decreto do Presidente da Federação Russa de 17 de novembro de 2017 nº 555
- Este Decreto entra em vigor em 1º de janeiro de 2023
Este decreto já era esperado (ao menos uma grande convocação de soldados) e foi muito especulado na última semana.
Militares russos foram avisados (e prontamente vazaram para a mídia internacional) de que haveria uma grande convocação em território russo, e muitos acharam que seria anunciada a chamada “mobilização nacional” (e consequentemente a declaração formal de guerra contra a Ucrânia).
O ponto que ainda estava obscuro na história, era de que isso seria feito via decreto, o que quebraria o rito comum de uma ‘mobilização nacional’ (o certo seria passar pelo Parlamento / o Parlamento local é apenas um ‘carimbador’ e somente políticos aliados ao presidente Vladimir Putin podem disputar ‘eleições’).
Este decreto não explica se os militares que reforçarão a linha de frente russa serão reservistas, recrutas, ou uma combinação de ambos (provavelmente isso foi deixado em aberto de propósito).
Texto publicado aqui no dia 09/05 sobre a chamada “mobilização nacional”:
“É esperado que o presidente russo Vladimir Putin, em algum momento próximo, faça uma convocação geral no país (localmente chamada de ‘mobilização’).
Relevante: A Rússia não tem uma reserva bem treinada e seus recrutas servem as Forças Armadas por um ano.
Assim que eles terminam o treino (boa parte sequer aprende alguma coisa e no máximo participa de palestras e escreve algum conteúdo básico sobre aeronaves), são imediatamente desmobilizados.
Não está claro o quão útil essa Força extra seria no combate atual, principalmente sem os sub-oficiais bem treinados que estão na Ucrânia.
Os recrutas geralmente são treinados em suas unidades, mas a grande maioria dos regimentos/brigadas de terra está parcialmente dentro da Ucrânia.
Além disso, uma mobilização de forma oficial aumenta -e muito- as apostas pessoais do presidente russo Vladimir Putin.
Não vencer o colocaria em uma posição de risco (tudo depende de quais sãos os objetivos dele).
Ocupar mais regiões da Ucrânia não é uma solução sustentável a longo prazo enquanto a Ucrânia continuar lutando e recebendo armas. A Rússia teria que tornar essa guerra insustentável para Kyiv, e isso também depende do nível de participação da OTAN/UE/EUA.
O último decreto do presidente Vladimir Putin sequer conseguiu reunir o número suficiente de reservistas.
É impossível prever o risco político de um número alto de reservistas destreinados mortos em combate.
Lembrando que a Rússia já iniciou a guerra em fevereiro com ~70% de seus batalhões de combate terrestre/BTGs (hoje está em ~80%)+Rosgvardia (Guarda Nacional)+batalhões da Chechênia (em março)*
Apenas como referência, em 2003, os Estados Unidos utilizaram ~37% da sua Força tática terrestre no Iraque e ainda conseguiram fazer uma rotação de soldados/batalhões*”
(em atualização)