SÃO PAULO, 17 de junho — Os detentos Janeferson Aparecido Mariano Gomes (48), conhecido como “Nefo” (um dos líderes da chamada Sintonia Restrita do PCC), e Reginaldo Oliveira de Sousa (48), conhecido como “Rê”, que foram presos na Operação Sequaz por planejar sequestrar e até matar o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que hoje ocupa uma cadeira no Senado, além de outras autoridades e servidores públicos, foram encontrados mortos com golpes de faca dentro de um banheiro da penitenciária de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo.
Conforme relatos da polícia, os dois foram levados para o banheiro por volta das 12h30, após a liberação dos presos para o banho de sol.
Assim que as mortes aconteceram, os três responsáveis se identificaram e se entregaram para a direção da penitenciária (padrão dentro da cadeia).
Segundo a Polícia Federal, o grupo preso na Operação Sequaz pretendia cometer simultaneamente crimes como homicídios e extorsão mediante sequestro em São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Distrito Federal.
De acordo com dados de inteligência do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado/Gaeco, foi observado que um olheiro da facção criminosa paulista estaria fazendo campana na frente da casa do senador, em Curitiba. O grupo teria investigado toda a rotina do ex-magistrado, seus endereços, dados sobre a sua vida privada, de sua esposa e de seus filhos.
Ao delegado da PF, Nefo, que já tinha em sua ficha antecedentes por furto, roubo, receptação, motim de presos, dano e sequestro, disse que a investigação era uma “forma de protesto político” e que ele queria encontrar Sergio Moro para poder jogar ovos e frutas podres no senador.
Outros dois dos alvos da facção seriam o promotor de Lincoln Gakyia, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), de Presidente Prudente (SP); partiu dele o pedido de transferência do líder da facção, Marcola, para um presídio federal (pedido feito oficialmente no fim de 2018), e o delegado da Polícia Federal, ex-coordenador-geral de repressão às drogas, armas e facções criminosas da PF, Elvis Secco.
Documentos obtidos com exclusividade pelo portal UOL apontam que a ordem para assassinar o delegado teria partido de uma liderança do PCC (Gilberto Aparecido dos Santos, braço direito do líder da facção, preso em 2020 em Moçambique sob ordem do Delegado) e envolveria o uso de duas caminhonetes clonadas da Polícia Federal.
Também tiveram seus endereços monitorados os presidentes do Congresso Arthur Lira e Rodrigo Pacheco.
Os sequestros e mortes teriam como objetivo negociar o resgate de Marcola, que foi transferido para Brasília no início do ano passado. Esta transferência ocorreu após uma investigação iniciada em 2022, que revelou um plano para resgatar o líder da facção do Presídio Federal de Porto Velho (RO).
Na época, apesar da Operação da PF ter sido observada e elogiada publicamente por Flavio Dino, então ministro da Justiça, Lula viralizou ao ironizar a ação, sugerindo que a investigação, que envolveu diversos órgãos de segurança brasileiros, poderia ser “mais uma armação do Moro”.
(Matéria em atualização)