BRASÍLIA, 22 de agosto — Como antecipado dois dias atrás – em entrevista ao vivo à Globo News – pela defesa do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, o advogado Cezar Bitencourt, que defende Cid no caso das joias sauditas (exclusivamente o caso de um relógio Rolex), marcou uma agenda com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, para “examinar melhor” o caso de seu cliente; a ação corre dentro do polêmico “inquérito das milícias digitais” que está em tramitação no STF.
A agenda com o ministro foi marcada oficialmente para a próxima quinta-feira (24), às 16h15, no mesmo dia em que Cid prestará depoimento sobre o caso na CPI do 8 de janeiro da Câmara Legislativa do Distrito Federal (o pedido de adiamento deste depoimento foi negado hoje pelo presidente da CPI da Câmara Legislativa do DF, deputado distrital Chico Vigilante, do PT).
O encontro, que foi marcado ontem (21) com o chefe de gabinete de Alexandre de Moraes, teria como objetivo uma negociação de um novo depoimento de Cid à PF, um pedido ao ministro para que seja atenuada a pena de seu cliente, e para supostamente tratar sobre a segurança de Cid e sua família (não temos detalhes sobre o que foi conversado).
“Eu acho a prisão desnecessária. Não tem por que ele estar preso já há tanto tempo. Mas isso eu vou resolver com o Judiciário. Quero na semana que vem conversar com o ministro Alexandre de Moraes, fazer os pedidos e examinar melhor” –Cezar Bitencourt em entrevista à Folha na última sexta-feira (18)
Na última semana, o advogado virou notícia e causou confusão ao dizer à VEJA (entrevista com gravação em áudio) que seu cliente acusaria o ex-presidente Jair Bolsonaro de ter recebido dinheiro em espécie pela venda de um relógio que foi presente da Arábia Saudita, notícia que foi “desmentida” logo em seguida (mesmo com a divulgação do áudio da entrevista), e que foi novamente confirmada por outra posterior entrevista à Globo News pelo próprio advogado, que chegou inclusive sugerir que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro poderia ter recebido dinheiro em espécie pela venda do relógio (acusação realizada ao vivo).
Durante a entrevista, o advogado chegou a chamar suas estratégias de defesa de “guerra”.
Cezar Bitencourt assumiu a defesa de Cid há exatos 7 dias e ficou conhecido em Brasília após defender o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures, antigo assessor do ex-presidente Michel Temer, filmado 2017 pela PF recebendo uma mala de dinheiro (R$ 500 mil) de um executivo da JBS em uma pizzaria em São Paulo.
O tenente-coronel e ex-ajudante de ordens Mauro Cid encontra-se preso há pouco mais de três meses no batalhão da Polícia do Exército, em Brasília.
Em Brasília, aliados do governo e do Centrão admitem que a reforma ministerial (nova entrada do Centrão no governo) vem sendo adiada para não ofuscar a história das joias. O Centrão também acha que a necessidade do governo aumentará com o tempo e a oferta de cargos será maior.
(Em atualização)