Armênia, aliada militar formal da Rússia, confirma realização de exercício militar conjunto com os Estados Unidos para a próxima semana

Secretário de Estado americano Antony Blinken e primeiro-ministro armênio Nikol Pashinyan | Imagem por Ron Przysucha/U.S. Department of State (PD)

YEREVAN, 6 de setembro — O ministério da Defesa da Armênia, país que participa Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), grupo similar à OTAN que possui a Rússia como principal país (Armênia possui até uma base militar russa), após críticas realizadas nesta semana contra a dependência russa, anunciou nesta manhã que realizará um exercício militar com os Estados Unidos entre os dias 11 e 20 de setembro; o exercício será chamado de “Eagle Partner 2023” e terá o motivo oficial de preparar as tropas da Armênia para a realização de missões de paz pelo mundo (o comunicado não fala sobre quais equipamentos serão utilizados no exercício).

Em 2020, Armênia e Azerbaijão entraram em uma guerra aberta no território de Nagorno-Karabakh (território disputado entre os dois países mas que no papel pertence ao Azerbaijão), que foi vencida pelo Azerbaijão e teve a participação direta da Turquia (envio de militares e equipamentos).

A Rússia, na época, quando o conflito ameaçou deixar a região de Nagorno-Karabakh, apenas fez os dois países (ex-Repúblicas soviéticas) assinarem um acordo para o fim da guerra (consequentemente defendendo a vitória do Azerbaijão, que havia tomado boa parte do território e isolado a região.

O clima entre Armênia e Rússia ficou péssimo na época; A Armênia encarou o afastamento russo como traição e até chegou a pedir publicamente um reembolso pela defesa aérea russa (S-300) e pelos mísseis balísticos russos (Iskander) que o país havia adquirido em 2015, sob o argumento de que eles “não funcionavam” como prometido.

Rússia e Azerbaijão, apesar do presidente azerbaijano ter comentado sobre a guerra na Ucrânia de que o lado ucraniano estava “100% no seu direito de defender integralmente seu território” e que a Ucrânia estava correta neste conflito, não são inimigos e possuem parcerias em diversas áreas (justamente o motivo pelo qual a Rússia não participou da guerra de 2020 contra a Armênia).

A Rússia ainda não comentou sobre o exercício que será realizado na próxima semana, porém é esperado que a Armênia receba duras críticas do lado russo, principalmente na mídia estatal local.


Críticas na mídia italiana: Neste fim de semana, o jornal italiano La Repubblica publicou uma entrevista com o primeiro-ministro armênio Nikol Pashinyan com duras críticas do líder sobre a dependência militar de seu país com a Rússia.

Segundo Pashinyan, foi um “erro estratégico” da Armênia depender da Rússia para a sua segurança. O primeiro-ministro disse que “a arquitetura de segurança da Armênia estava 99,999% ligada à Rússia, inclusive no que diz respeito à aquisição de armas e munições”, que hoje “a própria Rússia precisa de armas, armas e munições, e nesta situação é compreensível que, mesmo que ela quisesse, a Federação Russa não conseguiria satisfazer as necessidades de segurança da Armênia”, e que a acreditava que a Rússia estava “em processo de saída da região”.

“Este exemplo deveria demonstrar-nos que a dependência de apenas um parceiro em questões de segurança é um erro estratégico” -primeiro-ministro Nikol Pashinyan

Reinício da guerra na região: Desde a semana do dia 20 de março deste ano (clique aqui para ver o post sobre o assunto), ambos os países estão fazendo movimentos militares na região que indicam uma continuação da pesada guerra de 2020. Nos últimos dias, o Azerbaijão começou a movimentar veículos de logística e artilharia para perto do próximo cenário do conflito.

Em junho, soldados azerbaijanos foram registrados atravessando a Ponte Hakari, na nova fronteira oficial entre Armênia e Azerbaijão, para colocar um bandeira do Azerbaijão em solo armênio.
Os soldados azerbaijanos foram acompanhados e até auxiliados por soldados russos, que em teoria deveriam garantir a paz na região (Forças de paz) e proteger a Armênia (acordo militar de proteção mútua OTSC, similar à OTAN).
Quando a bandeira já estava sendo erguida, soldados armênios abriram fogo contra o soldados azerbaijanos e russos.


Confusão nas relações internacionais da região: A Armênia é apoiada pela Rússia, que não compra briga com o Azerbaijão porque ambos possuem uma boa relação. Durante a guerra de 2020, que com o tempo foi sendo tratada como religiosa, já que o Azerbaijão destruía as igrejas dos territórios conquistados e utilizava os alto-falantes das cidades para propagar o islamismo enquanto a Armênia levava os seus líderes religiosos cristãos ortodoxos para a frente de batalha, o Ocidente acabou escolhendo o lado armênio. Vários líderes internacionais do Ocidente apoiaram publicamente o país e várias manifestações pró-Armênia eram registadas diariamente. O mundo islâmico apoiou incondicionalmente o Azerbaijão. Israel, que geralmente segue o caminho ocidental, nesta guerra fornecia os drones kamikaze (loitering munition) que o Azerbaijão utilizou durante todo o conflito (Harop). Irã, que geralmente segue caminhos contra o Ocidente, (literalmente) chegou a se preparar militarmente para defender a cristã ortodoxa Armênia, mesmo sem fazer parte do acordo de defesa mútua que deveria guardar o país -e que apenas assistiu a Armênia perder a guerra em 2020-. A Turquia, que chegou a enviar soldados (e equipamentos) para lutar ao lado do Azerbaijão, é membro da OTAN, que não se envolveu no conflito e viu todos os seus outros membros apoiarem indiretamente a Armênia.

No último dia 01/05 deste ano, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução, por 122 votos a 5 (e 18 abstenções), sobre a renovação da cooperação da Nações Unidas com o Conselho da Europa que continha um texto condenando a “agressão” da Rússia contra a Ucrânia (2014 e 2022) e a Geórgia (2008); dos países do BRICS, apenas a África do Sul votou pela abstenção. Países que geralmente optam pela abstenção como China, Brasil, Índia, Cazaquistão, Vietnã, México e Armênia votaram a favor.

Votaram contra a resolução a própria Rússia, Bielorrússia, Coreia do Norte, Nicarágua e Síria.


(Em atualização)

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